A MISSÃO DAS UNIVERSIDADES: UMA ANÁLISE ARQUEOLÓGICA DAS PROPOSIÇÕES EDUCACIONAIS DE ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA
No dia 16 de agosto de 1937, no
Teatro Municipal de Belo Horizonte, o candidato
à presidência da República, Armando de Salles
Oliveira, pronunciou um discurso concernente à
sua campanha eleitoral posteriormente intitulado
como “A missão das Universidades”, no qual
tratou temas como: missão das universidades,
ensino primário e secundário, ensino
profissional, política nacional de educação e
concluiu sua declamação com uma análise
particular do momento político que vivenciara.
Admitindo a perspectiva foucaultiana como
fundamentação teórica, o presente estudo visa
oportunizar um diálogo com estas proposições
educacionais de Armando de Salles Oliveira
enunciadas em seu discurso e seus efeitos
possíveis atinente ao lugar social do alunado
que se pretendia educar. Não obstante, o
conceito de Governamentalidade formulado
por Michel Foucault nos parece profícuo ao
compreender as relações sociais como um jogo
de forças atuantes na condução da conduta de
si e do outro, uma vez que a hipótese de nossa
análise remete à investidura educacional de
Armando como uma prática de enaltecimento
moral e salvacionista da organização racional,
dos saberes científicos e escolares no bojo
das diversas modalidades de ensino defronte à
sociedade brasileira. Ademais, valendo-se de
uma análise arqueológica, na qual pretendeuse
evidenciar as regras que o discurso obedece
enquanto prática e as condições de exercício
da função enunciativa, pretendemos tornar
explícito o esforço da implantação de saberes
que na esfera do ensino primário estipulassem
um patamar social inicial, marginalizando
aqueles que não o alcançassem; mensurassem
a “capacidade” dos indivíduos com base no seu
rendimento no ensino secundário; legitimassem
a condição de “elite intelectual” de sujeitos por
meio do ensino superior e “credenciassem” a
mão-de-obra dos alunos do ensino profissional.
A MISSÃO DAS UNIVERSIDADES: UMA ANÁLISE ARQUEOLÓGICA DAS PROPOSIÇÕES EDUCACIONAIS DE ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA
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DOI: 10.22533/at.ed.01620110215
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Palavras-chave: Armando de Salles Oliveira; Educação; Governamentalidade
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Keywords: Armando de Salles Oliveira; Education; Governamentality
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Abstract:
On August 16, 1937, at the
Municipal Theater of Belo Horizonte, the presidential candidate, Armando de Salles
Oliveira, delivered a speech concerning his electoral campaign, later entitled “The Mission
of the Universities”, in which he dealt with topics such as mission of the universities,
primary and secondary education, vocational education, national education policy and
concluded his declamation with a particular analysis of the political moment he had
experienced. Admitting Foucault’s perspective as a theoretical foundation, the present
study aims to provide a dialogue with these educational propositions of Armando de
Salles Oliveira enunciated in his discourse and their possible effects related to the
social place of the students who intended to educate. Nevertheless, the concept of
governmentality formulated by Michel Foucault seems useful to us in understanding
social relations as a set of forces acting in the conduct of self and other conduct,
since the hypothesis of our analysis refers to Armando’s educational endowment. It
is a practice of moral and salvationist exaltation of the rational organization, scientific
and scholarly knowledge amid the various teaching modalities in front of the Brazilian
society. Moreover, using an archaeological analysis, which aimed to highlight the rules
that discourse obeys as a practice and the conditions of exercise of the enunciative
function, we intend to make explicit the effort of the implantation of knowledge that
in the sphere of primary education stipulated initial social level, marginalizing those
who did not reach it; measure the “capacity” of individuals based on their income in
secondary education; legitimize the condition of “intellectual elite” of subjects through
higher education and “accredit” the workforce of vocational students.
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Número de páginas: 19
- Alexandre de Britto Redondo