A exposição Machine Art, realizada no Museu de Arte Moderna de New York, o MoMA, em 1934 teve a criativa capacidade de revelar não somente o sentimento de vanguarda que sempre norteou a visão e a missão daquela instituição de arte e cultura, mas principalmente, reafirmar o decisivo encantamento que as formas e o fazer maquínico fizeram incidir sobre a modernidade.

Na esfera das artes, bem antes de Machine, lá por 1916, o movimento dadaísta trouxe ao universo dos espectadores os ready-mades: aquelas surpreendentes obras de arte que causaram estranhamento, resistências e novas compreensões acerca da expressão artística moderna e seus modos de encarnar as estruturas de linguagem em diferentes materialidades.

Assim, convergentes, arte e cotidiano; imaginário e real; manufatura e indústria, geram novos significados para as formas – expressivas e funcionais.

Seguindo essa orientação, Philip Johnson, o então curador do MoMA e idealizador de Machine, propiciou aos visitantes da exposição percorrer três andares que exibiam objetos utilitários, feitos à máquina, dispostos em 06 diferentes segmentos: unidades industriais; equipamentos domésticos e de escritório; utensílios de cozinha; mobiliário doméstico e acessórios; instrumentos científicos; vidros e porcelanas de laboratório – exibidos em pedestais e elevados ao nível de escultura.

Machine, assim, soube consolidar o fascínio estético que a sociedade norte-americana já vinha reverenciando aos objetos industriais. Afinal, assim como gostaria de argumentar o filósofo John Dewey, a experiência de uma pessoa com as coisas é moldada pelo contexto em que são vistos.

Em Machine, os conceitos de deslocamento e ressignificação, tão presentes no dadaísmo, tornam-se exacerbados. A inovadora concepção expositiva orientou, também, a sua expografia: a curadoria adotou medidas singulares para mostrar os objetos, garantindo-lhes o seu maior efeito: escondeu-se a moldagem decorativa do interior do museu, então sediado numa característica edificação do século XIX – justamente para garantir uma atmosfera moderna e reafirmar a nova era dos objetos.