Artigo - Atena Editora

Artigo

Baixe agora

Livros

A Indústria Cultural e a Dessublimação Regressiva da Atualidade como uma Necropolítica

O objetivo desse trabalho é abordar o conceito de necropolítica de Achille Mbembe e de dessublimação repressiva de Herbert Marcuse conectando-os com a concepção crítica que Adorno faz à Indústria Cultural como forma de desmancipação, alienação e aculturação racionalista. Na concepção de Adorno a racionalidade da técnica identifica-se com a racionalidade do próprio sistema. Essas considerações evidenciam que, o cinema, o rádio, a televisão, não devem ser tomados como arte, pelo fato de serem negócios, basta-lhes   a ideologia dominante. Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais. Tal exploração Adorno chama de “indústria cultural”. A indústria cultural visa substituir cultura de massa, pois esta induz à cilada que satisfaz os interesses dos detentores dos veículos de comunicação de massa. Esse trabalho nos instiga a refletir sobre como a barbárie estética dos meios de comunicação no aspecto da arte e da cultura se faz presente no contexto social contemporâneo. Dessa forma, estamos diante de um processo em que o desenvolvimento da produção e reprodução midiática no cenário contemporâneo imprime a sensação de aparente liberdade política, econômica e moral. A liberdade de fato autônoma, de usar o próprio entendimento, tem cada vez mais se reduzido à esfera da vida privada, uma vez que as escolhas precisam ser adequadas às necessidades e exigências do sistema de produção. Adorno afirma:(1985, p.112)” a indústria cultural permanece a indústria da diversão. Seu controle sobre os consumidores é mediado pela diversão, e não é por um mero decreto que esta acaba por se destruir, mas pela hostilidade inerente ao princípio da diversão por tudo aquilo que seja mais do que ela própria”. Marcuse (1979, p.82) demostra que: “Alienação artística é sublimação. Cria as imagens de condições que são irreconciliáveis com o Princípio da realidade, mas que como imagens culturais, tornam-se toleráveis, até mesmo edificantes e úteis. Agora essas imagens mentais estão invalidadas. Sua incorporação à cozinha, ao escritório, à loja; sua liberação para os negócios e a distração é, sob certo aspecto, dessublimação – substituindo satisfação mediata por satisfação imediata”. Achille diz (2018, p.24) “O terror não está ligado exclusivamente à utópica crença no poder irrestrito da razão humana. Também está claramente relacionado a várias narrativas sobre a dominação e a emancipação apoiadas majoritariamente em concepções sobre verdade e o erro, o “real” e o simbólico herdados do iluminismo”.
Ler mais

A Indústria Cultural e a Dessublimação Regressiva da Atualidade como uma Necropolítica

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.6922410102

  • Palavras-chave: Indústria Cultural, Dessublimação Regressiva, Necropolítica, Indivíduo, Atualidade

  • Keywords: Cultural Industry, Regressive Desublimation, Necropolitics, Individual, Current Affairs

  • Abstract: The objective of this work is to address Achille Mbembe's concept of necropolitics and Herbert Marcuse's concept of repressive desublimation, connecting them with Adorno's critical conception of the Cultural Industry as a form of rationalist demancipation, alienation and acculturation. In Adorno's conception, the rationality of technology is identified with the rationality of the system itself. These considerations show that cinema, radio and television should not be considered art, because they are businesses; the dominant ideology is enough for them. As businesses, their commercial ends are achieved through the systematic and programmed exploitation of goods considered cultural. Adorno calls this exploitation the “cultural industry”.        The cultural industry aims to replace mass culture, since the latter leads to the trap that satisfies the interests of the owners of mass communication vehicles. This work encourages us to reflect on how the aesthetic barbarity of the media in the aspect of art and culture is present in the contemporary social context. Thus, we are faced with a process in which the development of media production and reproduction in the contemporary scenario gives the impression of apparent political, economic and moral freedom. The freedom to truly be autonomous, to use one's own understanding, has increasingly been reduced to the sphere of private life, since choices need to be adapted to the needs and demands of the production system.          Adorno states: (1985, p.112) “the cultural industry remains the entertainment industry. Its control over consumers is mediated by entertainment, and it is not by a mere decree that entertainment ends up being destroyed, but by the hostility inherent in the entertainment principle for everything that is more than itself”.            Marcuse (1979, p.82) demonstrates that: “Artistic alienation is sublimation. It creates images of conditions that are irreconcilable with the Reality Principle, but which, as cultural images, become tolerable, even edifying and useful. Now these mental images are invalidated. Their incorporation into the kitchen, the office, the store; its release for business and distraction is, in a certain sense, desublimation – replacing mediate gratification with immediate gratification”.            Achille says (2018, p.24) “Terror is not exclusively linked to the utopian belief in the unrestricted power of human reason. It is also clearly related to various narratives about domination and emancipation supported largely by conceptions of truth and error, the “real” and the symbolic inherited from the Enlightenment”.

  • ANGÉLICA MARIA ALVES VASCONCELOS
Fale conosco Whatsapp