A galilé nos conventos franciscanos no Nordeste do Brasil colonial: integração ou segregação?
Entre 1585 e 1660, os franciscanos
fundaram treze conventos no litoral nordeste
do Brasil. Originalmente simples, tais edifícios
passaram por reformas e ampliações, que
lhes conferiram, no final do século XVIII, uma
arquitetura inusitada, caracterizada tanto
por elementos formais eruditos, como traços
inovadores. Nesse processo evolutivo porque
passou o modelo conventual dos franciscanos, a
galilé constituiu espaço recorrente, característico
de todos os cenóbios nordestinos, à exceção da
casa de Salvador que, por questões logísticas,
não pôde acolher o referido vestíbulo na sua
nova construção iniciada no princípio do século
XVIII. A presença da galilé, assim como de
outros ambientes do complexo franciscano,
concorreu para a formação de uma identidade
arquitetônica distinta daquela encontrada
em cenóbios de outras ordens religiosas. O
presente trabalho tem como objeto de estudo
a galilé dos citados conventos, procurando
relacionar sua forma à função que tinha no
contexto da igreja tridentina e da regra seráfica.
Para tanto, a partir de uma revisão literária
pertinente, e do conhecimento in loco dos
conventos em questão, a pesquisa incursiona
na gênese da galilé na organização física do
edifício religioso cristão, trata de seu uso geral
através dos séculos, e procura destacar sua
função no âmbito da arquitetura franciscana
no nordeste colonial. Além da sua aparência
externa, formada por arcos romanos em pedra
lavrada, o estudo contempla seu aspecto
interior, onde o piso, o forro e as superfícies
laterais se articulam em termos de utilidade
e de arte, concorrendo para o funcionamento
adequado do espaço no conjunto arquitetônico
franciscano.
A galilé nos conventos franciscanos no Nordeste do Brasil colonial: integração ou segregação?
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DOI: 10.22533/at.ed.3531915012
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Palavras-chave: galilé; convento franciscano; Nordeste colonial
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Keywords: galilee; Franciscan convent; colonial Northeast
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Abstract:
Between 1585 and 1660
Franciscans founded thirteen convents on the
Brazilian Northeast sea shore. Originally simple,
those buildings underwent physical changes
and enlargements that would provide them
with an unprecedented architecture by the end
of the eighteenth century, being characterized
with both erudite elements and innovative
patterns. In such process of evolution, the
galilee represented a recurrent space, proper to
all northeastern convents, except for Salvador,
which could not be provided with the vestibule in
its new construction initiated at the beginning of
the eighteenth century due to logistic reasons.
The presence of the galilee as well as of other precints within the franciscan complex provided it with an architectural identity different
from that found in houses of other religious orders. This essay has the galilee of the
convents in question as the object of study, searching to link its shape to the function it
had in the context of the tridentine church and the seraphic rule. Hence, from a cautious
literature review and the actual knowledge of the convents, the research focuses on
the introduction of the galilee in the spatial configuration of the christian edifice, refers
to its use along the centuries and highlights its function in Franciscan architecture in
the Brazilian Northeast during colonial times. Besides its external appearance based
on stone Roman arches, the study refers to its interior where floor, ceiling and side
surfaces work out in terms of utility and art, contributing for the adequate functioning of
the space within the Franciscan architectural complex.
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Número de páginas: 15
- Ivan Cavalcanti Filho