A FIGURAÇÃO DO GROTESCO EM FRANCISCO DE GOYA
Francisco José de Goya y Lucientes, artista espanhol que viveu durante os séculos XVIII e XIX, passou de um pintor clássico e harmonioso para um homem crítico e sombrio. Ironicamente, no período conhecido pelas Luzes, experienciou anos de escuridão, marcados pela Revolução de Robespierre, de invasões napoleónicas, e de uma doença que custou sua audição, em 1782. Nesta conjuntura, buscamos analisar como Francisco de Goya produziu o espectro grotesco na série de 14 obras intitulada Pinturas Negras (1819-1823), feitas nas paredes de sua casa, em Madri. Em termos metodológicos, este texto se qualifica como de caráter bibliográfico, utilizando, para tanto, as obras O Grotesco (1986) de Wolfgang Kayser, e A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o Contexto de François Rabelais (2010), de Mikhail Bakhtin, no que diz respeito ao grotesco; no tocante à compreensão de algumas pinturas e onde se situavam na Quinta del Sordo: Goya à Sombra da Luzes (2014), de Todorov, e Goya: Pinturas Negras (2002), de Bozal; e para compreendermos os procedimentos artísticos e perceptivos das obras, Arte e Percepção Visual (2005), de Arnheim, entre outros. Por meio desse processo, constatamos o emprego de uma série de artifícios responsáveis por possivelmente rematar as duas vertentes do grotesco: uma associada à sátira e ao riso e a outra vinculada ao terror e à inquietude. Em vista disso, Goya (1819-1823) apresentou um mundo simultaneamente caricaturizado, estranho e alheado, capaz de fazer de sua arte uma das precursoras da modalidade colorista das vanguardas do final do século XIX.
A FIGURAÇÃO DO GROTESCO EM FRANCISCO DE GOYA
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DOI: 10.22533/at.ed.4622130037
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Palavras-chave: Goya; Pinturas Negras; Grotesco.
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Keywords: Goya; Black Paintings; Grotesque.
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Abstract:
Francisco José de Goya y Lucientes was a spanish artist alive during the passage of the eighteenth and nineteenth centuries who changed from a classic and harmonious painter to a critic and gloomy one. In the Enlightenment, the artist experienced dark years, pointed by the Robespierre’s Revolution, the napoleonic invasions, and the disease that took his listening faculty, in 1782. In such a scenario, it is analyzed how the painter employed the artistic devices to convey the meanings and specially the grotesque spectrum in the series of 14 paintings which were made on the walls of his house, between 1819 and 1823, over the later entitlement of Black Paintings. This text is qualified as a bibliographical one and, in essence, used the works O Grotesco (1986), by Wolfgang Kayser, and A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o Contexto de François Rabelais (2010), by Mikhail Bakhtin, to discern the nature of the grotesque; Quinta del Sordo: Goya à Sombra da Luzes (2014), by Todorov, and Goya: Pinturas Negras (2002), by Valeriano Bozal, as reference for the paintings disposition and history; Arte e Percepção Visual (2005), by Rudolf Arnheim, to analyze the perceptual and artistic components of the paintings; among others. By means of this comparison, it is verified the usage of a series of devices with the objective of performing two grotesque strands: the first one which is associated to the satiric and laughable and the last one which is related to the horror and unfamiliar. As a conclusion, Goya (1819-1823) presented a world filled by a mixture of estrangement and grotesqueness, responsible for making his art one of the vanguard’s predecessors.
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Número de páginas: 16
- Jorge Antonio Berndt
- Valdeci Batista de Melo Oliveira
- Mariana Bernartt Silva