A obra do dramaturgo Romero Nepomuceno, diretor teatral de grande expressão na capital do país, não tem sido investigada pelos estudos literários e teatrais até o momento, visto que o autor priorizou a montagem e a encenação dos seus textos, inclusive em detrimento de publicações, de forma que seus textos permanecem inéditos. A Fábrica (2005), em seu projeto crítico sobre aspectos da realidade brasileira contemporânea, em especial econômicos, políticos e sociais, estabelece diálogo estético, entre outros, com o teatro de Bertolt Brecht e Albert Camus, sem deixar de anunciar uma linha estética própria do dramaturgo Nepomuceno. O objetivo desse artigo é discutir e analisar a primeira cena da peça teatral A Fábrica (2005) do dramaturgo Romero Nepomuceno, considerando nesse percurso as ligações existentes entre os elementos sociológicos das personagens e suas implicações na concepção de um imaginário social proposto pelo escritor. Nesse texto dramatúrgico, Romero traz à cena questões e problemas  presente na sociedade Brasileira e no mundo contemporâneo  como as relações de trabalho deterioradas entre Estado, empresas e empregados; a permanência do racismo nas relações  de trabalhos no Brasil, dependência entre grandes empresas ao mercado global, subjugação da mão de obra trabalhadora, a política de discriminação racial institucionalizada; o processo de manutenção de grandes executivos como representantes de uma classe de homens brancos e endinheirados. Todavia, além de possuir elementos estéticos, semelhantes ao teatro épicos de Brecht e as discussões sociais que assolam o país, o escritor diferentemente de Brecht  não propõem uma solução para resolver os problemas narrados visto que homem contemporâneo na visão do autor encontra-se declínio permanente de valores.