A distância entre o previsto e o realizado na organização dos Ciclos Escolares e da Progressão Continuada na cidade de São Paulo
A escola pode se organizar em séries ou ciclos, com ou sem progressão continuada. No Brasil, a organização escolar em forma de ciclos tem sido registrada desde o ano de 1920 com a Reforma Sampaio Dória no ensino paulista. O termo “promoção automática” foi empregado na década de 1950, porém sabemos que promoção automática e progressão continuada são conceitos diferentes. Os Sistemas de ciclo e progressão continuada foram tentativas de diminuírem os altos índices de reprovação no sistema escolar. No estado de São Paulo, com a concepção de que a reprovação não é benéfica para a aprendizagem, pensou-se na progressão continuada e nos ciclos escolares. Desta forma, o objetivo geral deste estudo foi identificar possíveis vantagens e desvantagens dessa forma de organizar a escola, e verificar se é possível estabelecer relações entre a forma de organização e as avaliações informais, taxas de aprovação/reprovação e evasão. A metodologia utilizada foi a abordagem qualitativa, utilizando pesquisa bibliográfica, constantes em repositórios de periódicos nacionais - Scientific Electronic Library Online (Scielo) - e a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD ) e a documental em legislações (Parecer, Portaria, etc) e no Plano Municipal de Educação de São Paulo. Como resultados do estudo, destacamos a descontinuidade do processo de adequação do currículo, assim como a falta de ressignificação das avaliações, que ainda objetivam, principalmente, classificar os alunos, à nova organização em ciclos escolares. Também constatamos a descontinuidade da formação permanente dos educadores e da democratização da gestão nos governos municipais posteriores a sua implantação, o que tais resultados ficaram comprometidos. Cabe destacar que as políticas posteriores além de não darem continuidade, implantaram políticas contrárias (Qualidade Total em Educação) e que inviabilizaram a organização em ciclos à progressão continuada (aumento do número de alunos por sala, não autorização de pedidos para o funcionamento das salas de apoio pedagógico (SAP), além da não-contratação de professores para ministrarem as aulas de recuperação paralela. Enfatizamos ainda que não houve a participação dos segmentos da escola para a discussão sobre a implantação desta política educativa e a interrupção da formação continuada que foi iniciada na década de 90, trouxe grande resistência por parte dos professores, agentes escolares, pais e alunos que não a compreendem. No sistema em ciclos e na progressão continuada, a avaliação deve ser repensada como instrumento guia para a progressão do aluno, indicando suas habilidades e conhecimentos, possibilitando enxergar suas possibilidades e potencialidades, respeitando as diferenças individuais dos alunos para que todos possam aprender. Considerando todas essas questões a respeito da implantação dessa nova forma de organização escolar, entendemos que houve grande distanciamento entre o previsto e o realizado dentro das escolas.
A distância entre o previsto e o realizado na organização dos Ciclos Escolares e da Progressão Continuada na cidade de São Paulo
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DOI: 10.22533/at.ed.24822090814
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Palavras-chave: Ciclos escolares; Progressão continuada; Ensino fundamental
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Keywords: -
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Abstract:
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Número de páginas: 29
- Claudia Pereira de Pádua Sabia
- Ronaldo Tiago Marques de Jesus