A ambivalência entre a temporalidade narrativa ficcional e a temporalidade histórica na obra Boca do Inferno de Ana Miranda
Conceituar o tempo sempre foi um
desafio para o homem. Além dos filósofos,
Aristóteles, Santo Agostinho e Kant, físicos,
matemáticos e sociólogos também se dedicaram
ao estudo do Tempo. Isaac Newton (1643-
1727) criou o conceito de tempo absoluto, por
considerar que essa modalidade era constante
e uniforme. Kant (1724-1804), ao contrário
do matemático, considerava o tempo como
um dado subjetivo, por pertencer à natureza
humana, sem a possibilidade de o homem
poder controlá-lo ou modificá-lo. No século XX,
Albert Einstein (1879-1955) institui a teoria da
relatividade por acreditar que o tempo é relativo,
pelo fato de poder ser sentido, diferentemente,
por cada pessoa. Para o sociólogo Nobert Elias
(1998), o tempo não existe em si, ele é antes
de tudo um símbolo social e não pode ser
visto como um dado objetivo, como pensava
anteriormente Newton, ou um conceito relativo
ao ser humano, como supunha Kant. Além das
discussões que se fizeram do tempo à luz da
Física, da Matemática e da Filosofia, outra
discussão que se estabelece sobre o tempo, na
atualidade, é a dimensão temporal manifestada
na linguagem pela discursivização das ações,
precisamente no texto narrativo, visto que essa
modalidade textual é o simulacro da ação do
homem no mundo. O estudo da temporalidade
verbal em “Boca do Inferno” de Ana Miranda
confirma a ambivalência constitutiva entre a
temporalidade narrativa ficcional (ponto de vista
e voz enunciativa) e a temporalidade histórica
(tempo dos acontecimentos, congelado na
história), existente na obra e nos leva a observar
uma estrutura truncada.
A ambivalência entre a temporalidade narrativa ficcional e a temporalidade histórica na obra Boca do Inferno de Ana Miranda
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DOI: 10.22533/at.ed.8951822111
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Palavras-chave: romance histórico – teoria discursiva da temporalização – temporalidade verbal
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Keywords: historical novel - discursive theory of temporalization - verbal temporality
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Abstract:
Conceituar o tempo sempre foi um
desafio para o homem. Além dos filósofos,
Aristóteles, Santo Agostinho e Kant, físicos,
matemáticos e sociólogos também se dedicaram
ao estudo do Tempo. Isaac Newton (1643-
1727) criou o conceito de tempo absoluto, por
considerar que essa modalidade era constante
e uniforme. Kant (1724-1804), ao contrário
do matemático, considerava o tempo como
um dado subjetivo, por pertencer à natureza
humana, sem a possibilidade de o homem
poder controlá-lo ou modificá-lo. No século XX,
Albert Einstein (1879-1955) institui a teoria da
relatividade por acreditar que o tempo é relativo,
pelo fato de poder ser sentido, diferentemente,
por cada pessoa. Para o sociólogo Nobert Elias
(1998), o tempo não existe em si, ele é antes
de tudo um símbolo social e não pode ser
visto como um dado objetivo, como pensava
anteriormente Newton, ou um conceito relativo
ao ser humano, como supunha Kant. Além das
discussões que se fizeram do tempo à luz da
Física, da Matemática e da Filosofia, outra
discussão que se estabelece sobre o tempo, na
atualidade, é a dimensão temporal manifestada
na linguagem pela discursivização das ações,
precisamente no texto narrativo, visto que essa
modalidade textual é o simulacro da ação do
homem no mundo. O estudo da temporalidade
verbal em “Boca do Inferno” de Ana Miranda
confirma a ambivalência constitutiva entre a
temporalidade narrativa ficcional (ponto de vista
e voz enunciativa) e a temporalidade histórica
(tempo dos acontecimentos, congelado na
história), existente na obra e nos leva a observar
uma estrutura truncada. created the concept of absolute time, considering that this modality was constant and
uniform. Kant (1724-1804), unlike the mathematician, regarded time as a subjective
fact, because it belonged to human nature, without the possibility of man being able
to control or modify it. In the twentieth century, Albert Einstein (1879-1955) institutes
the theory of relativity by believing that time is relative, because it can be felt differently
by each person. For the sociologist Nobert Elias (1998), time does not exist in itself, it
is above all a social symbol and can not be seen as an objective data, as previously
thought by Newton, or a concept related to the human being, as Kant. In addition to
the discussions of time in the light of Physics, Mathematics and Philosophy, another
discussion that is established on the present time is the temporal dimension manifested
in language by the discursivization of actions, precisely in the narrative text, since this
textual modality is the simulacrum of man’s action in the world. The study of verbal
temporality in Ana Miranda’s “Boca do Inferno” confirms the constitutive ambivalence
between fictional narrative temporality (point of view and enunciative voice) and
historical temporality (time of events, frozen in history), existing in the work and in the
leads to a truncated structure.
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Número de páginas: 15
- Ivete Monteiro de Azevedo