Publicado em 16 de fevereiro de 2023.

Em suas relações, as pessoas procuram associar-se com os demais em procura das modificações pretendidas, e é isso que faz deles sujeitos de seu destino histórico. É nessa convivência com os outros que o homem constrói o mundo, a tecnologia, e suma a sociedade em todas as suas dimensões.
As soluções encontradas para a vida em sociedade, determinadas por meio de participação idealizada de todos, requerem um pressuposto: os direitos fundamentais do cidadão e do homem extensivos a todos os indivíduos da coletividade, não apenas a uma de suas partes ou classes. Tais direitos preveem, principalmente, a manutenção da vida e de todas as condições dela decorrentes, como, por exemplo, as condições apropriadas para a sobrevivência digna, ou seja, sem carência dos meios materiais para tanto (saúde, educação, trabalho, transporte, entre outros), a liberdade de pensamento e sua expressão, entre outros. Implica, também, a igualdade universal, o que provoca o acesso de todos a um infindável número de distintos direitos e na posse de bens.
Marcada pela Ciência, a vida passa a apresentar-se por meio de codificações, formalizadas convencionalmente: a informação, o conhecimento, os deveres e direitos de todos, bem como, os mecanismos de funcionamento da realidade apenas é acessível pela posse da cultura letrada.
O que se pode dizer é que a cidadania não é um estado psíquico ou mental, relativo ao simples conhecimento de deveres e direitos. 
Pelo contrário, a participação com igualdade no debate e nas resoluções sobre os rumos da comunidade pressupõe não somente o conhecimento das diferenças características da sociedade de classes, mas também o ingresso de todos ao sistema que possibilita entender a realidade, para informar-se sobre seus potenciais e ter a probabilidade de acesso aos seus frutos ou bens materiais, essenciais à sobrevivência digna.
Tais pressupostos levam a entender que a cidadania tem mediações histórico-sociais e existenciais que se proferem entre si, fazendo cada pessoa compartilhar dos bens materiais, sociais e simbólicos.
Ora, tais mediações levam a afirmar que o conceito de cidadania se relaciona à elaboração de todos os integrantes da sociedade ao exercício do governo, à atividade na definição do rumo a ser adotado pela criatividade.
Então, buscar a cidadania, que é um projeto em permanente constituição, é almejar preparar todos os integrantes da comunidade ao exercício do governo. O cidadão precisa ser formado para governar a si e os demais ao seu redor, que, particularmente, tem diferenças, mas devem gozar de condições de igualdade na acepção dos destinos da cidade, na cogestão das coisas coletivas.
Se cidadania implica ação, está descartada a possibilidade de se admitir, em qualquer atitude que se almeja cidadão, uma passividade dos indivíduos ante a realidade. Isso significa que o conceito de cidadania precisa prever ação dos indivíduos na procura de participarem na definição dos seus próprios destinos históricos, de participarem eficazmente das relações de poder asseguradas na comunidade em que vivem.
Em suma, a Sociologia pode contribuir sobremodo para consolidação da cidadania.

Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos
Sociólogo (MT/SC 222)