Solos do Maranhão: gênese, classificação e pedometria
Quando portugueses e franceses aportaram às costas do Maranhão no século XVII os povos originais praticavam uma agricultura itinerante, rudimentar, abrindo nas matas pequenas clareiras que se recompunham rapidamente. Técnica que os europeus rapidamente adotaram.
Em 1642 quando da invasão holandesa já 5 engenhos de açúcar estavam estabelecidos na “Ribeira do Itapecuru”. No início do século XVIII as culturas do algodão e do arroz foram introduzidas. Em 1808 a região do rio Itapecuru já era
um produtor de arroz, mas, em compensação, as matas da “Ribeira do Itapecuru” já tinham sido devastadas.
Segundo Raimundo Lopes até 1930 as margens superiores do Gurupi, Turiaçu e Pindaré ainda não estavam exploradas. Foram necessários apenas 50 anos para serem devastadas.
As florestas tropicais podem ser consideradas “sistemas estacionários”. Usando a energia trocada com o ambiente externo, retiram minerais do solo e os inserem no seu sistema. Esses minerais retornam ao solo em reciclagem.
Nos sistemas agrícolas, ao contrário, ocorrem trocas ativas de matéria e energia com o ambiente externo e parte dos nutrientes usados pelo sistema não retornam ao solo e têm que ser substituídos.
É a capacidade do solo de suprir esses nutrientes, de uma dessas possibilidades, que determinam a maior ou menor viabilidade de um sistema contínuo de produção agrícola.
Cabe essencialmente aos agrônomos, e particularmente aos que se dedicam à Ciência do Solo, desenvolver, sistematizar e melhorar sistemas que permitam o desenvolvimento da agricultura tropical e que nos permitam alcançar elevados níveis de produtividade sem que tenhamos que recorrer exclusivamente aos estoques de nutrientes absorvidos e assimilados ao longo de séculos pelas florestas. Precisamos explorar ao máximo a capacidade das plantas de usar energia radiante para gerar e armazenar energia química sem precisar recorrer à degradação dos nossos solos.
Neste Congresso de Ciências do Solo está sendo lançado o livro: SOLOS DO MARANHÃO: GÊNESE, CLASSIFICAÇÃO E PEDOMETRIA Este livro reúne o conhecimento de dezenas de pesquisadores e cientistas que
aliam rigorosa formação científica com vasta experiência profissional, não apenas sobre os solos do Maranhão em seu contexto natural, formação geológica, sua morfologia e os efeitos do clima e da vegetação sobre sua variação, mas também sobre a interação desses fatores ao longo do tempo, o que resulta na grande variabilidade desses solos.
Esses estudos mostram que, a diversidade que se observa no estado do Maranhão evidencia a estreita relação entre os processos pedogenéticos e as particularidadesgeoambientais e climáticas do Maranhão. Os conhecimentos obtidos nos processos de geração desses dados serão essenciais para o desenvolvimento de programas sobre segurança alimentar, modelos de ciclagem de nutrientes, acúmulo e ciclagem de carbono no solo, e no conjunto, para a manutenção da biodiversidade e manutenção dos nossos ecossistemas.
Com grande atraso, mas com grande determinação, caminharemos para substituir o modelo de usar as florestas como fonte de nutrientes para a agricultura, por um sistema de conservação e desenvolvimento com maior capacidade de aporte de nutrientes a partir do maior conhecimento dos nossos solos, possibilitando um desenvolvimento da agricultura tropical, alicerçado em bases científicas sólidas.
Dr. Manlio Silvestre Fernandes
UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Solos do Maranhão: gênese, classificação e pedometria
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DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.041251909
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ISBN: 978-65-258-3604-1
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Palavras-chave: 1. Maranhão - Solos. I. Siqueira, Glécio Machado. II. Pereira, Marcos Gervasio. III. Anjos, Lúcia Helena Cunha dos. IV. Título.
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Ano: 2025
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Número de páginas: 243
- Aldair de Souza Medeiros
- Alessandro Samuel-Rosa
- Ana Caroline Pretto
- Camila Pinheiro Nobre
- Carlos Marcio de Aquino Eloi
- Carlos Wendell Soares Dias
- Claudia Klose Parise
- Denilson da Silva Bezerra
- Eduardo Carvalho da Silva Neto
- Elem Cristina dos Santos Lopes
- Felipe Martins Sousa
- Glécio Machado Siqueira
- Guilherme Domingues Ferreira
- Guilherme Ferreira Domingues
- Gunter de Azevedo Reschke
- Jean Michel Moura-Bueno
- Lailda Brito Soares
- Leonardo Gonçalves de Lima
- Lucas Cardoso Marinho
- Lúcia Helena Cunha dos Anjos
- Márcio Roberto Bezerra Fialho
- Marcos Gervasio Pereira
- Maria de Lourdes Mendonça-Santos
- Marlen Barros e Silva
- Mayara Rodrigues Nascimento
- Mizalene Silva da Silva
- Raysa Valéria Carvalho Saraiva
- Taciara Zborowski Horst
- Wesley Lima Barbosa
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