Publicado em 23 de outubro de 2021.

No Cerrado a ausência do fogo pode ocasionar descaracterização e degradação de suas características, o que compromete a conservação de sua biodiversidade. Cada espécie responde de uma forma diferente ao fogo dependendo das características do distúrbio. Mamíferos são importantes na manutenção e equilíbrio de diferentes ecossistemas, o que permite seu uso como bioindicadores para pesquisas relacionadas à conservação e degradação do ambiente. Este livro está divido em duas partes, sendo a primeira uma revisão de literatura e a segunda um estudo de caso para verificar a relação entre mastofauna e fogo sob a forma de queima prescrita realizado no Parque Estadual do Cerrado, Unidade de Conservação de Proteção Integral que abriga os últimos remanescentes de Cerrado em seu limite austral. Foram estabelecidas duas parcelas de iguais tamanhos, uma não recebeu manejo com queima prescrita (P1) e outra recebeu manejo (P2) em 2015 e 2016. A metodologia utilizada consistiu na análise de vestígios e armadilhas fotográficas para registro dos mamíferos que apareceram em ambas as parcelas durante o período de um ano. Os dados obtidos foram analisados por meio das frequências de ocorrência absolutas e análises multivariadas. Foram encontradas 9 espécies: C. thous, C. brachyurus, D. novemcinctus, L. tigrinus, M. gouazoubira, M. tridactyla, N. nasua, O. bezoarticus e T. tetradactyla, além das ordens Rodentia e Lagomorpha. Destas, os herbívoros generalistas foram os mais frequentes em P2 devido à disponibilidade de nutrientes oferecidos nos alimentos que eram mais palatáveis. Predadores generalistas parecem estar distribuídos em locais onde se encontram maior probabilidade de presas. A queima prescrita deve ser utilizada no manejo e gestão de áreas que englobem fitofisionomias de Cerrado. Aconselha-se revisão dos planos de manejo de áreas protegidas destinadas à proteção e conservação do bioma Cerrado, a fim de atualizar a adequação das estratégias de conservação de seus recursos naturais.