Práticas de autoatenção e os itinerários terapêuticos no contexto de pessoas que convivem com HIV
Publicado em 14 de setembro de 2023.
Este estudo tem por o objetivo geral conhecer os processos de autoatenção e
os fatores que influenciam nos itinerários terapêuticos no contexto de pessoas
soropositivas e assim caracterizar as práticas de cuidados de indivíduos portadores
de HIV/AIDS; compreender as relações sociais e os significados envolvidos na
experiência de saúde/doença. Para tal investida, foram utilizados os eixos teóricos
ancorados na abordagem sociocultural da antropologia da saúde, itinerários
terapêuticos e autoatenção. Esta pesquisa foi realizada na ‘Associação de Luta
pela Vida’ em Boa Vista-RR. Participaram do estudo 07 sujeitos entre 39 e 60 anos,
portadores de HIV/AIDS, entre dezembro de 2012 a março de 2013. Na coleta
de dados foram utilizadas as narrativas dos sujeitos obtidas pelas entrevistas
semiestruturadas e a observação participante nas reuniões do grupo de ajuda
mútua registrada no diário de campo. As narrativas obtidas foram analisadas de
acordo com os itinerários terapêuticos encontrados. Os resultados demonstram
que os sujeitos sofrem influência do contexto sociocultural e dos distintos sistemas
ou racionalidades médicas. Assim, o conceito de saúde vai além do bem-estar
físico, englobando os contextos sociais, espirituais, psicológicos, econômicos,
entre outros. A doença é percebida como uma experiência, algo que desarmoniza,
debilita, definha, nesse processo de adoecer esta incorporada à busca pelo
tratamento. Os itinerários terapêuticos são diversos e/ou únicos, resultam das
negociações cotidianas dos sujeitos afetados e por sua rede social de apoio, as
suas escolhas são orientadas segundo o que lhes confere ‘sentido’ e dependem
do grau de satisfação dos sujeitos e não possuem uma ordem pré-concebida. Nos
cuidados de saúde buscam qualidade de vida, aumentar a imunidade, evitar o
adoecimento e tratar intercorrências referentes à infecção. A religião tem o papel
de apoio, equilíbrio da alma e de captação de forças para seguir o tratamento. As
redes sociais, quando mobilizadas, contribuem para criar estratégias para lidar com
o sofrimento. O grupo de autoajuda favorece a interação social, o compartilhar de
experiências, o resgate da autoestima, conhecimentos sobre HIV/AIDS, cidadania.
Assim, as práticas de autoatenção são condutas coletivas, dinâmicas, e ajustáveis
pelo grupo para seu benefício. Diante disso, como profissionais de saúde,
deveríamos conhecer os sujeitos de nosso campo assistencial, para entender a
experiência de adoecer na perspectiva do indivíduo de suas redes de relações,
e quais estratégias estão sendo acionadas para o enfrentamento desta doença.
Fazendo-se necessário a colaboração interdisciplinar e intercultural, favorecendo
discussões, reflexões, para melhorar a assistência em saúde prestada a toda
população do nosso município e do nosso estado em geral.
Práticas de autoatenção e os itinerários terapêuticos no contexto de pessoas que convivem com HIV
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DOI: 10.22533/at.ed.876230609
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ISBN: 978-65-258-1687-6
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Palavras-chave: 1. Medicina e psicologia. 2. Política de saúde mental. 3. HIV/AIDS. 4. Doenças sexualmente transmissíveis. I. Alves, Ana Paula Barbosa (Organizadora). II. Araújo, Kristiane Alves (Organizadora). III. Soares, Juliana Pontes (Organizadora). IV. Título.
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Ano: 2023
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Número de páginas: 103