Pele macia, boca quente e vulva aberta: A representação da prostituta em cais da sagração de Josué Montello
Publicado em 06 de abril de 2022.
Os nomes eram vários e das mais variadas índoles e intenções. Assim, ouvia-se puta, prostituta, rapariga, quenga, concubina, femme fatale, dentre muitas outras alcunhas. O terreno da prostituição no seio da sociedade é marcado pelo não dito, pelo escondido e, acima de tudo, pela zona do pecaminoso. Ou eram vítimas do destino ou escolheram uma vida de vadiagem, porque nunca foram mulheres de bem. Esses discursos são apenas uma pequena parcela daquilo que sistematizou o ódio e perseguição às prostitutas.
Quando não conseguia a redenção pelo casamento, esta só viria com a morte, a última possibilidade de perdão dos pecados para esse grupo de mulheres. Ao desbravar Cais da sagração (1971), de Josué Montello, eu espero que você enxergue a problemática social que está muito além do relacionamento entre Vanju e Severino. Espero que enxergue como o patriarcalismo na sociedade maranhense do século XX se constitui um forte aparato de poder para a diminuição de corpos e identidades.
O benefício da dúvida e a possibilidade de perdão sequer eram conjecturados, pois para a prostituta o caminho já estava traçado. Dizem que o lugar dela é na rua, na esquina, no bordel e no cabaré. Eu lhe convido a colocar essa gama de mulheres na academia, na discussão crítica que toma a literatura como um corpus de análise para uma ampla problemática social. Fique à vontade, mas deixe as visões construídas e engessadas de fora, eles não cabem para o que nossas mulheres têm a dizer.
Pele macia, boca quente e vulva aberta: A representação da prostituta em cais da sagração de Josué Montello
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DOI: 10.22533/at.ed.127220404
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ISBN: 978-65-258-0012-7
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Palavras-chave: 1. Montello, Josué, 1917-2006. 2. Escritores brasileiros - Biografia. 3. Cais da sagração. I. Almeida, Gil Derlan Silva. II. Título.
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Ano: 2022