Publicado em 09 de junho de 2023.

Em 2008 encerrei dois importantes ciclos da minha vida acadêmica: me graduei em História e encerrei minha experiência na Iniciação Científica, sob a orientação do professor Durval Muniz. Este livro é o resultado dessa experiência, pouco ou quase nada tem relação com o que sou como historiador hoje, no ano de 2023. Então por que publicá-lo?

Embora seja um trabalho de monografia de conclusão de curso, a partir dele muitos trabalhos foram produzidos, com certa constância ainda recebo pedidos para enviar cópias para colegas do Rio Grande do Norte e às vezes até de outros estados. Acredito que o interesse esteja em ainda hoje existirem poucos trabalhos acerca da trajetória integralista de Câmara Cascudo, mesmo passados 15 anos.

A primeira tentativa de publicação ocorreu em 2012, quando pedi e Durval gentilmente escreveu o prefácio que hoje abre este livro. Na ocasião, obrigações profissionais e o foco para entrar no mestrado da UFRGS me fizeram colocar a ideia de lado, mas as cobranças pela publicação nunca cessaram, mantendo em mim uma cobrança constante o que só piorava com o passar do tempo. Logo pensava: “não vale a pena, é um trabalho de graduação”.

Ocorre que depois de uma mesa redonda, na qual voltou à baila a temática de Cascudo e sua participação na AIB e me perguntaram, novamente, onde era possível conseguir uma cópia. De forma despretensiosa revelei a angústia por não ter publicado o trabalho quando deveria, foi então que ouvi: “e por que não pode mais lançar? Tem alguma lei?”. Imediatamente falei da historicidade do trabalho, do quanto possuía limitações e como isso poderia ser mal interpretado etc. e novamente fui retrucado: “então você acha melhor as pessoas garimparem na internet? Quem quer ler e precisa das informações sabe todas as limitações de um trabalho seu de 2008. Isso é natural”. Ao fim da mesa decidi: vou publicar. E aqui está.

Basicamente o texto foi revisado do ponto de vista normativo e gramatical. Portanto, trechos do texto aparecem diferente da versão da monografia, mas, a essência continua a mesma. Não houve acréscimo de fontes, novas interpretações (embora a tentação de mudar fosse enorme), nem correções profundas. O texto é de um recém-formado, com todos os seus medos, anseios e dificuldades, de um aluno que pela primeira vez apresentava um trabalho para avaliação de uma banca.

Confesso a dificuldade de me avaliar, de ser meu próprio editor. Que terror! A tentação para mudanças foi enorme, mas logo percebi que se fizesse isso não seria aquele trabalho de 2008, seria um novo, e esse, definitivamente não foi a intenção.  Prefiro encarar este livro como um memorial, pois foi esse o sentimento que tive quando lia aquilo que fui em 2008.

Portanto, aqui apresento um jovem historiador, com muitas vontades, ainda aprendiz, certo das suas dificuldades, mas que pela primeira vez apresentou um tema com o qual se envolveu. Ao reler o prefácio feito por Durval, por vezes me emocionei, pois lembrei das aulas, das orientações, da dificuldade e do desejo de apresentar um trabalho digno de historiador. Aliás, me orgulhei do atrevimento com a escolha de um tema tão complexo e difícil de trabalhar, ainda posso sentir a pressão em estudar um tema tabu quando se tratando de Cascudo.

Lembro com carinho a primeira vez que Daliana Cascudo me chamou para conversarmos sobre o texto e a crítica por ela apontada à época estava correta, algo que de imediato tratei de corrigir para este livro. A ela agradeço o carinho e a compreensão pelo período que pude pesquisar no acervo pessoas de Câmara Cascudo.

Este livro é dedicado não só aos colegas historiadores que me cobravam a publicação da monografia, mas também aos interessados em conhecer um pouco da relação de Cascudo com a Política brasileira da conturbadas décadas de 1930 e 1940. Com todas as limitações de um trabalho desta natureza, este livro parece ser um bom início para pesquisas com a temática do integralismo no Rio Grande do Norte. Espero contribuir de alguma forma.

Arthur Luís de O. Torquato

Natal, 30 de maio de 2023