Consiste o presente livro em coletânea de artigos, já publicados anteriormente, na área de Historiografia da Linguística no Brasil (HL). O intuito da obra é facilitar acesso aos artigos aos estudiosos da área de HL. Os estudos aqui publicados dialogam com a Linguística Missionária, a História da Gramática (Gramaticografia), a Lexicografia, a Filologia Românica e a Crítica Textual. Para isso, foram selecionados dois autores: São José de Anchieta, SJ (1534-1597) e Dr. med. Carl Friedrich Phillipp von Martius (1794-1868), de períodos históricos diferentes, mas que atuaram na descrição de línguas indígenas no Brasil, um, como missionário, no início do período colonial, o outro, como naturalista, no final do período colonial1.

Palavras-chave, para enquadramento da obra: Historiografia da Linguística, Gramaticografia, Lexicografia, História das Ciências.

A Historiografia da Linguística (HL) é um dos temas principais das pesquisas do grupo de pesquisas ‘Filologia, línguas clássicas e línguas formadoras da cultura nacional’ (FILIC/UFF/CNPq) da Universidade Federal Fluminense, em que o livro se insere. O tema se vincula à disciplina de HL que é componente curricular do Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem da UFF, alocada na Linha de Pesquisa 3: História, Política e Contato Linguístico. A ementa da disciplina de HL abarca os seguintes temas: a construção do saber linguístico; meta-historiografia: princípios e metodologia; gramatização; história dos estudos linguísticos no Brasil; gramaticografia do português e das línguas indígenas brasileiras; linguística missionária; periodização dos estudos linguísticos: percurso, continuidades e rupturas; arquivos e documentação linguística; formação do linguista e do historiógrafo da linguística.

O principal teórico da área de HL, que inspira as pesquisas do grupo, internacionalmente, é Pierre Swiggers da Katholieke Universiteit Leuven (Universidade Católica de Lovaina), na Bélgica. Outro teórico internacional digno de menção, por idealizar e organizar a área, é o filólogo Konrad Koerner da Universidade de Göttingen, como editor e fundador da revista Historiographia linguistica. O Centro de Documentação em Historiografia da Linguística da Universidade de São Paulo (CEDOCH/USP), coordenado por Cristina Altman é o introdutor da disciplina no Brasil. Na Universidade Federal Fluminense, o prof. Dr. Ricardo Cavaliere desenvolveu a área no Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem. Atualmente, o GT da Anpoll de Historiografia da Linguística Brasileira desenvolve a área de pesquisa no Brasil, que é registrada na Associação Brasileira de Linguística (Abralin).

Definição de HL, por Cristina Altman:

(...) a Historiografia Linguística tem como objeto a história dos processos de produção

e de recepção das ideias linguísticas e das práticas delas decorrentes que, por sua

vez, geraram novas ideias e novas práticas, em um processo de continuidades e

descontinuidades, de avanços e de retomadas, inerentes à busca de conhecimento. As

maneiras pelas quais o conhecimento linguístico se produziu, desenvolveu, foi divulgado

e percebido também fazem parte, em suma, da sua história (ALTMAN, 2019, p. 31).

1. This book consists of a collection of articles, previously published, in the field of Historiography of Linguistics in Brazil (HL). The aim of the work is to facilitate access to these articles for HL scholars. The studies published here dialogue with Missionary Linguistics, the History of Grammar (Gramaticography), Lexicography, Romanic Philology and Textual Criticism. For this, two authors were selected: São José de Anchieta, SJ (1534-1597) and Dr. med. Carl Friedrich Phillipp von Martius (1794-1868), from different historical periods, but who acted in the description of indigenous languages in Brazil, one, as a missionary, at the beginning of the colonial period, the other, as a naturalist, at the end of the colonial period.