A hanseníase, apesar dos avanços científicos e das políticas públicas voltadas à sua erradicação, ainda se impõe como um importante desafio para a saúde pública brasileira. Em Análise da Hanseníase em Minas Gerais, os autores apresentam uma investigação minuciosa sobre o comportamento epidemiológico da doença e sua relação com fatores estruturais e sociais que moldam a realidade sanitária do país.
Baseado em um estudo ecológico abrangendo o período de 1998 a 2013, o livro analisa os vínculos entre os indicadores da hanseníase, a expansão da Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) em Minas Gerais. Os autores lançam luz sobre como o fortalecimento da atenção primária à saúde e a melhoria das condições de vida refletem diretamente na redução da incidência e das incapacidades causadas pela doença.
Com rigor científico e clareza didática, a obra evidencia que a ampliação da cobertura da ESF contribuiu para o aumento da detecção precoce e para a queda dos casos em menores de 15 anos e com grau 2 de incapacidade. Ao mesmo tempo, demonstra que o avanço do desenvolvimento humano nos municípios se relaciona à diminuição das desigualdades em saúde, ainda que de forma desigual no território mineiro.
Mais do que um estudo estatístico, este livro representa um convite à reflexão sobre a interdependência entre políticas sociais, desenvolvimento humano e o direito universal à saúde. Ao integrar epidemiologia, gestão pública e equidade,
oferecendo uma leitura essencial para profissionais, pesquisadores e gestores que buscam compreender e transformar as realidades que sustentam a persistência de doenças negligenciadas no Brasil.