Publicado em 22 de agosto de 2025.

Discutir acessibilidade implica compreender a persistência de múltiplos obstáculos que podem limitar o acesso pleno à informação, à comunicação e à participação social de pessoas com deficiência e necessidades específicas. Essas barreiras vão além da infraestrutura física e podem estar presentes, também, nas formas de linguagem, nos recursos utilizados e na forma como os conteúdos são planejados e apresentados. Reconhecer essas limitações é o primeiro passo para desenvolver práticas mais inclusivas e alinhadas aos princípios da educação inclusiva.
Nos últimos anos, tem crescido o entendimento de que a acessibilidade não é um recurso adicional ou algo restrito a contextos especializados. Trata-se de um direito fundamental, previsto em lei e sustentado por princípios de equidade e justiça social. Mais do que uma adequação técnica, ela exige uma postura ética e comprometida com a inclusão, em que todas as pessoas possam estar, compreender, contribuir e aprender em condições de igualdade. No contexto educacional e cultural, essa reflexão se torna ainda mais urgente. Quem fala em público, compartilha saberes, organiza eventos ou forma pessoas, carrega consigo a responsabilidade de garantir que a informação circule de forma acessível, respeitando a diversidade dos sujeitos que compõem esses espaços.

Foi com esse pensamento que as autoras desenvolveram esse guia: como um instrumento formativo, informativo e prático, pensado para apoiar aqueles que conduzem atividades públicas, educativas, formativas ou artísticas, e que desejam tornar sua comunicação mais sensível, eficaz e inclusiva. O material parte de uma premissa fundamental: a inclusão não é opcional, e a acessibilidade não é favor — é direito.
Assim, este guia foi elaborado com base em legislações nacionais, diretrizes técnicas, experiências vividas e contribuições de profissionais da área. Apresenta uma abordagem clara, acolhedora e objetiva, com recomendações que possam ser colocadas em prática por diferentes profissionais.

Organizada em seções temáticas, o guia traz instruções sobre práticas acessíveis de apresentação, como fazer uma autoaudiodescrição, descrever imagens, utilizar recursos audiovisuais com legendas, respeitar o ritmo da fala, e incorporar intérpretes de Libras, além de orientações sobre o uso de tecnologias assistivas e cuidados na produção de materiais digitais. Apresenta ainda um glossário de termos fundamentais e referências que podem ampliar o repertório de quem deseja conhecer e aprimorar suas práticas.
Mais do que oferecer respostas prontas, este material deseja provocar perguntas, ampliar horizontes e incentivar mudanças concretas. Afinal, não se trata apenas de atender uma normativa ou incluir uma legenda: trata-se de reconhecer a existência do outro como legítima e valiosa, e de se comprometer com a construção de espaços onde todos e todas possam estar, aprender, ensinar e participar com dignidade.

Acredito que esse guia possa ser útil em diversas esferas: eventos acadêmicos, formações de professores, ações culturais, encontros comunitários, espaços escolares, organizações públicas e privadas. Seu conteúdo pode ser adaptado, ampliado e atualizado sempre que necessário, desde que mantido seu propósito fundamental: garantir o acesso à comunicação como um direito humano inegociável.
Que este material seja não apenas um manual de orientações técnicas, mas um convite ao cuidado, à empatia e à transformação.
Boa leitura e boas práticas inclusivas.

Rio de Janeiro, 03 de junho de 2025.

Annie Gomes Redig
Professora Associada da Faculdade de Educação e do Programa
de Pós-Graduação em Educação – ProPEd
Universidade do Estado do Rio de Janeiro