Publicado em 03 de junho de 2022.

“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”

Simone de Beauvoir

A frase acima é do livro “O Segundo Sexo” da autora francesa Simone de Beauvoir, o qual li enquanto estava cursando Pedagogia na UFSM e entrando em contato com meus primeiros estudos sobre gênero e sexualidade através do Núcleo de Estudos sobre Memória e Educação – CLIO, orientado pelo Prof. Dr. Jorge Luiz da Cunha, a quem tenho muito apreço. Essa obra me marcou significativamente, pois desde muito jovem me questionava sobre as funções sociais de meninos e meninas, seus papéis nas brincadeiras da escola e até mesmo nas aulas. Sempre me senti deslocada quando criança, gostava de jogar futebol com os garotos e não entendia porque, quase sempre, tinham que separar os grupos de meninos e meninas.

A medida que meus estudos sobre gênero e sexualidade foram avançando eu pude compreender questões que me eram apresentadas como naturais quanto as relações sociais entre homens e mulheres, ao adquirir conhecimento me libertei de muitas amarras e do sentimento de culpa por nem sempre me “encaixar”, entendi que não tinha nada de errado comigo, nem com meus colegas que não se encaixavam nos padrões estabelecidos nos anos 1990 para gênero e sexualidade.

Portanto, o presente livro trata de apresentar minha dissertação de mestrado, orientada pelo Prof. Dr. Jorge Luiz da Cunha, que é o resultado de uma pesquisa muito importante para minha trajetória profissional e de vida, e não iniciou e não se finda aqui, mas sim, uma pesquisa que tem como propósito repensar as políticas públicas e as práticas escolares relacionadas a diversidade sexual e de gênero com o objetivo de termos uma escola mais democrática e igualitária.

Os capítulos aqui apresentados são resultados de pesquisas teóricas realizadas ao longo de toda a minha trajetória acadêmica e de uma investigação acerca de como as temáticas e as políticas públicas para diversidade sexual e de gênero acontecem “lá no chão da escola”, que se deu através da escuta dos professores e gestores e observação atenta das práticas escolares.

Para finalizar essa apresentação, considero que, em consonância com outros estudos, este livro sirva para aguçar os nossos olhares críticos acerca da educação e da subjetividade humana para não mais excluir, subjugar e ferir o outro. É preciso vigilância constante para que a diversidade seja entendida e valorizada como fundamental a nossa evolução e nunca como algo ameaçador e proibido.