Publicado em 17 de junho de 2023.

Este ebook é o resultado das pesquisas desenvolvidas na especialização
em Geografia da Universidade Federal do Tocantins nos anos de 2021 e 2022
e pesquisas desenvolvidas pelos professores da linha de Desenvolvimento
Regional e Urbano, com temáticas diversas.
Trata-se de uma coletânea de textos que busca discutir e analisar questões
pertinentes ao Desenvolvimento Regional, Urbano e Rural em diferentes olhares
e abordagens, que retratam temas suscitados durante a ministração do curso
de especialização em Geografia com foco no planejamento territorial. É válido
ressaltar, que é uma trilogia e este é o primeiro volume da coletânea proposta
pelos pesquisadores, resultados de um trabalho de pesquisa, ensino e extensão
realizado na Universidade Federal do Norte do Tocantins.
O primeiro capítulo, “Cidade e acessibilidade: desafios, avanços e
perspectivas de mobilidade urbana na região sul de Araguaína-TO”, escrito por
Tatiana do Carmo de Almeida, aborda a democratização da cidade a partir da
mobilidade urbana, tendo como área de estudo a região sul de Araguaína. A
autora constata que essa região da cidade tem recebido obras de acessibilidade,
mas estas priorizam aqueles agentes que se deslocam por meio de transporte
individual. A maioria dos moradores fica submetida a práticas espaciais precárias,
com dificuldade de acesso a transporte coletivo, locomoção a pé e de bicicleta.
Estes são incluídos precariamente até mesmo nos equipamentos urbanos de
uso coletivo que existem na região, como a Via Lago e o Ginásio Poliesportivo.
O capítulo 2, intitulado “Relação campo/cidade em face da modernização
agrícola no município de Porto Nacional – TO”, foi escrito por Juliana M. Araújo
Alves e Alberto Pereira Lopes. O texto tem por objetivo entender a relação campo/
cidade a partir da modernização agrícola no município de Porto Nacional – TO.
Juliana e Alberto destacam que a modernização do campo em Porto Nacional
embora tenha se iniciado ainda na segunda metade do século XX, com a plantação
de arroz, na lógica dos complexos agroindustriais, se consolidou no início do
século XXI, com o avanço do agronegócio de grãos em modelo neoliberal, no
qual as empresas privadas e, principalmente empresas multinacionais, começam
a se instalar em Porto Nacional, aumentando a produtividade e a expansão da
soja na região. A partir desse momento as relações campo e cidade ganham uma
nova reorganização espacial e o novo modelo de produção capitalista contribui
para o processo de urbanização no território.
No texto 3 de Maria Alessandra Alves dos Santos e Eliseu Pereira de
Brito busca discutir a organização do trabalho das descascadeiras de mandioca
APRESENTAÇÃO
e seu modo de vida no povoado Floresta, município de Wanderlândia, Tocantins.
O modo de fazer a pesquisa foi por meio de um estudo sobre o trabalho e seus
desdobramentos enquanto sentido da organização das mulheres no trabalho das
descascas de mandioca. Foi feito entrevistas no local e visita para identificação
dos modos de vida das mulheres e a organização dos lugares. Com os resultados
da pesquisa foi possível identificar que há uma permanência nas atividades das
descascas e este trabalho traduz em uma forma de vivência dos sujeitos nos
lugares do antigo norte de Goiás, atual Tocantins. É uma face da organização
dos primeiros habitantes em adaptação aos ambientes de área de transição.
O capítulo 4, de autoria de Gleison Mourão da Silva e Alberto Pereira
Lopes é intitulado “O Assentamento Luar do Sertão na cidade de Ananás-TO:
do trabalho escravo à reforma agrária, na perspectiva do futuro das famílias
pela sobrevivência”. O texto tem por objetivo analisar como se deu o retorno das
famílias vítimas da escravidão por dívida a terra, onde estas foram contempladas
pelo programa de reforma agrária por meio da criação do assentamento rural
Luar do Sertão. A pesquisa aponta que 70% dos habitantes do assentamento
são pessoas que já foram vítimas de trabalho escravo. Destaca-se ainda que a
formação do assentamento contou com o papel decisivo do Centro de Direitos
Humanos de Araguaína e a Comissão da Pastoral da Terra.
O capítulo 5, de autoria de Orimar Souza Santana Sobrinho e Fernando
Luiz Araújo Sobrinho é intitulado “Questão agrária e estrutura fundiária em
regiões produtivas do agronegócio no MATOPIBA”. O texto traz uma análise
das transformações na estrutura fundiária na mesorregião Oriental do Tocantins
e Extremo Oeste Baiano no Matopiba na compreensão de novos conteúdos
técnicos espaciais entre os municípios baiano e tocantinense.
O capítulo 6, de Rodrigo Dias Delmondes e Alberto Pereira Lopes, tem por
título “O trabalho escravo contemporâneo no Brasil: definições e dilemas de uma
sociedade marginalizada”. A pesquisa discute a permanência do trabalho escravo
no Brasil como um processo inerente à dinâmica de acumulação capitalista. Tal
cenário é agravado por uma conjuntura negligente nos processos de fiscalização
e punição de fazendeiros responsáveis pelo trabalho escravo. Ressaltam o
importante papel da CPT na luta contra a escravidão contemporânea, inclusivo
com projetos nas escolas, como o “Escravo nem pensar”.