Publicado em 21 de fevereiro de 2024.

Com mais de oito décadas de vida, costumo dizer que já vi a chegada de
muitos futuros – ainda que a quase totalidade deles já se tenha transformado
em passado. Algumas vezes eu estava preparado para o que viria. Em muitas
outras ocasiões, fui surpreendido.
Mas aprendi cedo, pela sábia orientação dos meus pais e pelas lições de
professores inesquecíveis, que o conhecimento é a chave mais apropriada
para abrir qualquer porta. E a educação – como nos ensinou Paulo Freire – é
a teoria do conhecimento posta em prática.
Nesse contexto, o programa Letramento em Programação não deve ser
considerado apenas uma conexão com o futuro. É uma conexão com o
presente, pois computadores, celulares, internet, redes sociais, inteligência
artificial e novas profissões já fazem parte da nossa realidade.
Por isso nos apaixonamos pela iniciativa do Instituto Ayrton Senna que a
IMED vem implementando no Estado desde 2016, inicialmente em municípios
do Norte gaúcho e passando a atuar também em diversas regiões do estado,
incluindo escolas e organizações de Porto Alegre. O Instituto Jama abraçou a
causa, passou a investir nela e acompanha com muito interesse e orgulho
cada passo dessa experiência transformadora.
É com imensa alegria que participo desta coletânea de relatos sobre a
implementação prática desse projeto da “nova alfabetização”, que foi criado e
dirigido pelo meu amigo professor Mozart Neves Ramos, na época diretor de
Inovação do Instituto Ayrton Senna.
A ideia por trás do programa é simples e lógica: no mundo interconectado
pela tecnologia digital, a fluência tecnológica torna-se uma habilidade
imprescindível. Quem não desenvolver estas competências corre sério risco
de ficar excluído de muitas atividades sociais e profissionais.
Simplesmente não é justo deixar de fora desse jogo coletivo milhares de
estudantes de escolas públicas, com pouco ou nenhum acesso aos recursos
tecnológicos. O Letramento em Programação destina-se a suprir esta
carência, proporcionando a crianças, adolescentes e também a professores
da rede pública o desenvolvimento do pensamento computacional.
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Se essa já era uma necessidade natural decorrente da evolução tecnológica,
a pandemia da Covid-19 amplificou sua urgência. De um momento para
outro, a humanidade passou a depender de celulares, computadores e desta
invenção fabulosa chamada internet para a comunicação entre pessoas, para
a aquisição de conhecimento, para fazer negócios. Então, também ganhou
maior relevância o nosso programa de Letramento, para que os jovens e seus
orientadores compreendam melhor o pensamento computacional, a sua
linguagem própria, as questões éticas envolvidas e passem a utilizar todos
esses princípios com a desenvoltura necessária para que a inovação floresça.
Para isso, felizmente contamos com profissionais da educação dedicados e
conscientes na rede pública e com a competente gestão da Fundação IMED.
Este relatório de atividades comprova o sucesso da iniciativa. Meus
cumprimentos a todos os envolvidos.
E assim estamos hoje, mais amadurecidos no caminho do aperfeiçoamento
do programa, certos que este trabalho criará futuros promissores e, como
homem de muitos futuros, fico feliz por estar participando deste presente
desafiador e maravilhoso.

Jayme Sirotsky