Publicado em 04 de abril de 2023.

Este livro reúne textos produzidos por graduandas em pedagogia,
mestrandas em educação e professoras do ensino fundamental e superior,
integrantes do grupo de pesquisa em Filosofia, Ética e Educação - GPFEE da
Universidade Federal do Pará - UFPA.
Os textos constitutivos dos capítulos resultam dos esforços cognoscentes
de suas autoras que se debruçam sobre suas respectivas curiosidades
epistêmicas, no exercício de suas capacidades de inquirir o contexto histórico,
educacional, bem como exercitam suas sensibilidade e criticidade, cuja finalidade
é reorientar a sua própria ação no e com o mundo. São inquietações que as
conduzem a querer saber mais e melhor sobre questões relativas à educação e
seu processo formativo.
No primeiro capítulo Raimunda Lucena Melo Soares assume uma
concepção que entende a educação como processo, ação que se desenvolve
dentro e a partir das condições sociais e históricas, que são as próprias condições
da existência humana. Com o objetivo de compreender as contradições que
movimentam a educação. Apresenta os conceitos de necessidade e contingência
na composição das lógicas social e educacional, bem como possibilidade
de compreender melhor as contradições constitutivas dessas lógicas. Em
suas conclusões a autora observa que as lógicas social e educacional estão
inevitavelmente ligadas, e tratar da educação significa atentar para essas
relações.
Com o objetivo de compreender a importância da Filosofia da Educação
para a formação do pedagogo como agente instigadora da criticidade dos
graduandos no e sobre o curso, no segundo capítulo, Alessandra de Oliveira
Cunha parte da consideração de que a filosofia costuma ser uma das disciplinas
mais menosprezadas e estigmatizadas nos currículos escolares, apesar do
seu caráter instigador e crítico. Toma esse ponto de partida como indicativo
da necessidade de explicitar a importância desse componente curricular e de
compreender a forma como este se apresenta ao discente do curso de pedagogia.
Em seu aspecto metodológico, trata-se de um estudo bibliográfico e documental,
que se complementa com a aplicação de um questionário aos alunos iniciantes
e concluintes do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará, a fim de
coletar informações necessárias para se compreender a visão que graduandos
têm da filosofia na educação e sua importância para a formação do pedagogo.
O terceiro capítulo é resultado de um estudo realizado no decorrer das
aulas na disciplina Filosofia da Educação e apresenta as inquietações de Adrielle
Oliveira Cunha sobre algumas dificuldades vivenciadas pela autora no processo
formativo do curso de pedagogia, com o objetivo de compreender como tais
dificuldades podem interferir no campo de atuação do profissional pedagogo,
especialmente no que se refere às possibilidades para além da docência. Com
uma metodologia de pesquisa bibliográfica a autora chega à conclusão de que os
problemas enfrentados pelos estudantes no processo formativo contribuem para
a desvalorização da pedagogia, o que indica a necessidade de criar condições
que fomente nos alunos, em particular do curso de pedagogia da Universidade
Federal do Pará, a curiosidade de buscar o novo e a ousadia de atuarem nos
diversos campos pedagógicos.
A relevância da mitologia para o homem amazônico é perquirida
por Herondina Brasil Bulhosa que, no quarto capítulo, interroga sobre as
possibilidades oferecidas pelas narrativas mitológicas presentes na região
amazônica que, segundo a autora, é percebida nas mais distintas expressões
culturais, simbólicas, sociais que constituem não somente o ambiente, mas,
principalmente os que habitam a região. A autora conclui que o estudo permitiu
compreender a importância dos mitos, das narrativas que compõem o imaginário
amazônico, bem como entender que a Amazônia, como campo fomentador dos
mitos e das lendas, possui um legado relevante, sobretudo, acerca da tradição
cultural compreendida como uma herança ancestral, patrimônio cultural imaterial
para a humanidade.
O quinto capítulo, de autoria de Cristiane Maria Belo Pereira questiona
sobre o que o pedagogo pode fazer para aprimorar a prática educativa para
a infância. A análise é encaminhada por meio de uma pesquisa bibliográfica.
Entende que a infância não deve estar às margens do fazer pedagógico, ao
contrário, deve ser o centro. Porém, ainda há muitas barreiras em relação a
efetivação da emancipação da infância na prática pedagógica. Dentre as
dificuldades que constituem esses impedimentos, a autora menciona a ausência
de um espaço dialógico e interessante em sala de aula, a rotina, o desânimo
profissional e a tarefa de cumprir com conteúdo que se sobrepõe à realização do
papel de mediador da aprendizagem.
A partir de suas reflexões sobre a estética e suas implicações para a
educação, neste sexto capítulo, Emanuelly Leticia das Merces Silva interroga
sobre o desenvolvimento da estética na história humana, por meio de uma
pesquisa bibliográfica que tem como objetivo compreender o desenvolvimento
histórico da estética e algumas mudanças que ocorreram nesta tendência
filosófica ao longo do tempo. Dentre as conclusões encontra-se a indicação
da importância de dois momentos na história do referido desenvolvimento: o
primeiro trata do sentimento estético despertado na pré-história, em que por
meio de um conhecimento considerado ainda instintivo, os sujeitos buscaram
meios para se adaptar às mudanças sofridas na época. O segundo diz respeito
a origem das noções estéticas estabelecidas pelos gregos na antiguidade e
consolidadas a posteriori. As concepções filosóficas deste período originaram
as dimensões estéticas do belo, da arte, do conhecimento sensível e outras,
influenciando estudos no mundo todo sobre a estética.
O problema de como a ética profissional se manifesta na prática
neuropsicopedagógica é discutido, no sétimo capítulo, por Ananda Samanta Melo
da Paixão. A partir de uma pesquisa bibliográfica e com o objetivo de compreender
a concepção ética profissional manifestada na prática neuropsicopedagógica, a
autora observa em suas considerações finais que é necessário compreender
os princípios éticos que regem o profissional neuropsicopedagogo. E destaca
a necessidade de um maior número de neuropsicopedagogos dispostos
a desenvolver uma prática ética comprometida com a prática científica e
interventiva, pois isso depõe a favor de um maior rigor ético.
Por fim, no oitavo e último capítulo dessa obra, Cintia Wanily Oliveira
Mendes Santana apresenta os resultados de uma pesquisa documental e
bibliográfica, baseada na perspectiva pós-crítica em educação, com o objetivo
de compreender a importância da discussão de gênero e sexualidade para a
formação escolar, política e social. Dentre as suas conclusões, afirma que o
estudo possibilitou uma compreensão mais aprofundada das ressonâncias da
discussão de gênero e sexualidade para a formação escolar, política e social
e observa que sua análise se dirigiu a questões que são colocadas pelos os
PCN’s como transversais e que pela BNCC são (in)visibilizadas nos “conteúdos
essenciais”. Por fim, destaca que a escola não se realiza em função da
normatização curricular nacional, porque ela consiste em um espaço de vidas,
de diferenças, de conflitos, de movimentos, de força, resistência e poder.
Belém, Pará, Brasil
Raimunda Lucena Melo Soares