Educação, cognição, canto coral e a pessoa idosa
Publicado em 06 de maio de 2024.
Compreender os tempos que acontecem no período da nossa existência: é nossa responsabilidade e uma necessidade real. Tempos de descobertas e redescobertas científicas. Tempos de diálogos e reconsiderações educacionais (sobre como fazíamos antes e como podemos melhorar agora). Tempos de menor e maior intensidade tecnológica. Tempos no trânsito entre um senso geral que dita comportamentos ao que hoje se estrutura gradativamente para acompanhar a vida humana com mais atenção, respeito e cuidado (e ainda falta muito).
Falar de tempo sem descrevê-lo - foi o que mais me chamou a atenção nesse livro.
Ao trazer o enlace do Canto Coral e a Pessoa Idosa foi possível verificar um preparo intenso dos autores para a reunião de todos os dados. Diante das características e das perspectivas vistas quanto ao envelhecimento em nosso país, é nítida a falta de preparo que ainda temos hoje e que precisamos amenizar com certa urgência em nossos espaços de trabalho. Nessa linha-síntese destaco a frase inicial do livro que diz: “O potencial de aprendizagem das pessoas idosas é muitas vezes subestimado”.
Isso me leva ao ponto dos tempos de reconsiderações educacionais. E é exatamente aí, frisando a Educação ao Longo da Vida, que os autores nos dirigem. É por meio de referências importantes, elucidando conceitos e nos trazendo para uma realidade possível que vamos encontrando meios de falar de música e da chegada da maturidade sem tantos tabus. E uma das citações do texto, contrapondo o tópico anterior não tão interessante, há esse: “As intervenções com atividades musicais podem contribuir significativamente para aspectos da memória, sendo uma prática que além dos benefícios cognitivos é atrativa mesmo para aquelas pessoas sem experiência musical prévia (Diaz- Abrahan, Shifres, Justel, 2019)”.
Por isso, falar de música sabendo que essa prática coletiva dá condições às pessoas de serem mais ativas e participantes de seus contextos é o que mais me sensibilizou no livro. Ter a oportunidade de ouvir um depoimento dizendo: “Eu adoro cantar, cantar é uma coisa que faz bem pra minha alma, saio feliz daqui, leve no dia do ensaio”, sem dúvida traduz uma maneira positiva de avaliar o momento do Coral. Não é algo pequeno. Significa uma atitude que a faz pensar no tempo como um valor positivo. Para além disso, é possível ver nessa fala a alta disponibilidade em se expressar – o que não é incomum a quem pratica coral e, por exemplo, já vivenciou a intensidade do engajamento em uma apresentação (sendo regente ou coralista).
Enfim, neste livro os autores se desdobram para oferecer a nós leitores uma série de pontos de reflexão, nutridos por diferentes fontes e estruturados por levantamentos e análise da literatura. A pesquisa de campo e o trabalho atento da Ana Caroline como pesquisadora revela dados sensíveis, muito bem organizados em quadros e diagramas pensados para nos auxiliar em um parâmetro mais atual sobre o assunto.
Que essa obra te chegue em um tempo especial.
Desejo a vocês uma excelente leitura!
Cristiane Hatsue Vital Otutumi
Abril de 2024
Educação, cognição, canto coral e a pessoa idosa
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DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.598240804
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ISBN: 978-65-258-2459-8
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Palavras-chave: 1. Educação. 2. Pessoa idosa. I. Paula, Ana Caroline de. II. Oliveira, Valdomiro de. III. Vagetti, Gislaine Cristina. IV. Título.
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Ano: 2024
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Número de páginas: 94