Publicado em 07 de junho de 2023.

Trabalho análogo à escravidão, corrupção, assédio moral, assédio sexual, salários indignos, poluição dos mais variados tipos, descarte impróprio de resíduos, perda de biodiversidade, aquecimento global, entre outros. Esses são apenas alguns exemplos que nos veem à mente e que são amplamente repercutidos em nossa sociedade, mas a lista de graves e profundos problemas que assolam a humanidade e nosso planeta é, certamente, muito mais extensa.

Pode-se notar que, de uma forma ou de outra, em diferentes naturezas e intensidades, tais problemas podem ser associados às atividades realizadas pelas organizações empresariais, como facilmente se percebe pelos exemplos aqui relacionados.

Assim, e não é de hoje, que o papel das empresas tem sido questionado por diversos atores sociais e por meio das mais diversas perspectivas. Mas, da mesma forma que as empresas podem estar associadas aos problemas, elas também estariam associadas às soluções ou, no mínimo, à mitigação dos problemas que elas provocariam.

Portanto, estudos que procurem entender “como” as empresas possam compreender e gerenciar melhor as implicações diretas ou indiretas de suas atividades são sempre bem-vindos. O livro “Cultura organizacional, comprometimento e responsabilidade social corporativa”, de autoria de Danilo Nunes, Neusa Maria Bastos F. Santos e José Gonçalves das Neves, professores com grande experiência nos temas aqui tratados, vem a colaborar para o entendimento dessas questões.

O estudo, que teve como objetivo “investigar se as práticas de responsabilidade social corporativa afetam positivamente o comprometimento afetivo, na percepção de colaboradores, tendo a cultura organizacional como moderadora dessa relação”, foi realizado de acordo com as melhores práticas acadêmicas, incluindo um levantamento da literatura nos temas da pesquisa, uma extensiva coleta de dados em uma grande empresa brasileira, complementada por uma análise estatística robusta.

Ao seu final, o estudo reforça a importância das características culturais e políticas organizacionais como fatores que alavancariam os desdobramentos das atividades das empresas, reforçando a responsabilidade social corporativa e sua importância. Espera-se que, tanto na esfera acadêmica quanto na profissional, o entendimento das relações entre tais elementos organizacionais possam ajudar a eliminar ou reduzir, a longa lista de problemas citados acima.

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Flavio Hourneaux Junior

Professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária, da Universidade de São Paulo

Presidente do Capítulo Brasileiro do PRME (Principles for Responsible Management Education), das Nações Unidas