Ebook - Corpos, gênero, sexualidades e raça no esporte na África: a crítica QUEER/LGBTQIA+ africana e a interseccionalidadeAtena Editora

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capa do ebook Corpos, gênero, sexualidades e raça no esporte na África: a crítica QUEER/LGBTQIA+ africana e a interseccionalidade

Corpos, gênero, sexualidades e raça no esporte na África: a crítica QUEER/LGBTQIA+ africana e a interseccionalidade

Publicado em 26 de abril de 2023.


Este livro “Corpos, gênero, sexualidades e raça no esporte na África: a crítica queer/LGBTQIA+ africana e a interseccionalidade” expressa a sororidade sem a força do discurso. Mas, em sua praticidade. Eu, mulher preta e nordestina, lésbica negra e doutora, driblando o racismo. Encontro-me com duas mulheres brancas, tão brancas; mas, de cabeça preta. Uma da Argentina e uma do Sul do Brasil, território que representa o Norte para nós. Ambas casadas com homem negro preto, de origem africana, e brasileira (com filhas pretas). Eu, que começo minha vida acadêmica com o conhecimento “universal” dos estudos e do feminismo hegemônico, deparo-me com estudos e feminismo negro. Por conseguinte, esbarro-me com a mulherisma e estudos de gênero africanos, observando e experienciando conflitos intrarraciais e intragênero - espantei-me. 
Quem são vocês? Vi-me diante da orientadora da especialização e da, posteriormente, supervisora do pós-doutorado, bem como me vi diante da experiência da sororidade real, entre categorias de gênero. Uma fase doce na minha vida, considerando as lembranças de fase amarga: basta lembrar do período da COVID-19, quando esse estudo começou a brotar, relacionando a experiência no curso de especialização iniciada no fim do doutorado (Pós–Graduação, Especialização em Estudos Africanos e Representações da África, na Universidade do Estado da Bahia, Campus II, Alagoinhas, Departamento de Educação, defendido em 11 de janeiro de 2022). Esse curso seria presencial. No entanto, deu-se no processo de pandemia, de forma remota, sob orientação da Dra. Natalia Cabanillas, da área de estudos de gênero, América-latina, África do Sul e decolonialidade.
Como resultado, houve preciosos produtos, como a escrita da monografia e um seminário internacional, juntando as tantas reflexões que sucedeu anteriormente, no doutorado e nos resultados da tese. Reconheço que a especialização se deu com muita maturidade, e, por isso, os produtos foram gerados com muita expressão, por se tratar de uma recém-doutora, no curso em Especialização intitulado A crítica Queer /LGBTQIA+ africana e as (auto) representações das sexualidades negras: corpos, esportes e movimentos. Este trabalho, reelaborado aqui para o formato de livro, é fruto desta pesquisa entrelaçando com a fase inicial no pós-doutoramento (em andamento), intitulada Esporte entre Guineenses: LGBTQIA+, trabalho e gênero. Então, esta é nascedouro daquela, e uma está dentro da outra. Com atividades mais amadurecidas na pesquisa sucessora (em desenvolvimento), sendo realizadas e possíveis pelos resultados suscitados na anterior, norteando-me. 
Havendo várias contribuições que me fizeram pensar de forma mais profunda, em especial dos professores e professoras do programa da especialização, nas aulas e, particularmente das professoras avaliadoras deste estudo: Dra. Alyxandra Gomes (UNEB) e Dra. Caterina Rea (UNILAB), ambas pesquisadoras de estudos africanos. A Dra. Natália Cabanillas, por sua vez, com especialidade na África do Sul e movimentos, também contribuiu muitíssimo na questão decolonial, com estudos do feminismo Sul-Sul, bem como nos intercâmbios internacionais que resultou no brilhante Seminário. 
Para tanto, foi imprescindível a colaboração do grupo “Sobre o corpo feminino”, das professoras da Unilab, da prof. Doutora Jaqueline Costa, a aceitação (sem custos) das palestrantes, a sul-africana Zethu Matebeni, o Angolano João Lourenço, a brasileira Ana Célia da Silva, a jogadora guineense Lourdes, as debatedoras da mesa, Jandira Dalas (Angola) e Fatumata (G. Bissau) e demais profissionais. Além disso, há fatores a assinalar:
Na pesquisa de mestrado (UNEB) , dissertação concernente às mulheres árbitras de futebol no Brasil e o trabalho, articulei com a interseccionalidade, tratei a respeito dos corpos fora dos padrões de gênero teorizando com as tecnologias de gênero e refletindo sobre o lugar de árbitras como função de poder e subversão. Mas, percebendo o limite da subversão, por conta da força do poder no esporte, concentrado em mãos masculinas.
Na pesquisa do doutorado (UFBA) , segui com o locus e população do Brasil. Pesquisei sobre gênero, esporte e raça, inserindo a categoria queer negros, teorizando com a decolonialidade e o pós-colonial, bem como, adentrando ao feminismo africano, a partir de gênero na África, que se deu por meio de cursos, grupos de estudos, congresso e debates. Nesse interim nasceu o desejo de saber sobre gênero e esporte africanos, bem como as questões queer, LGBTQIA+ neste continente. Porém, não cabendo na então pesquisa, causou-me inquietações. Passei a pensar em dar sequência após o doutoramento, surgindo a oportunidade do curso de especialização, quando participei da seleção, sendo contemplada. 
Nesta, da qual se trata este trabalho, descrevo os caminhos percorridos, os problemas e como se deu o seminário, bem como o intercâmbio e as parcerias. Adentro a discussão sobre representações e autorrepresentações no Brasil e no continente africano, articulo com corpos queer negros, formulando críticas sobre gênero e raça, interligando com a parte que mapeio analisando em que concerne a crítica queer africana, discutindo sua origem. E na última seção, trato do que ocorreu nas mesas do seminário que realizamos, o qual se deu como fruto deste trabalho, destacando as narrativas das conferencistas. Neste ponto, concernente ao Seminário Internacional Interseccionalidade ente África e Brasil: gênero, raça, sexualidades e esportes, organizado por temáticas, enfatizo as narrativas e não necessariamente por mesas, nos termos temporal-cronológicos (não optei por seguir as sequências das mesas, mas segui uma didática de pensamento). 
Por fim, destaco os problemas de violência ao contexto, com o termo “queercídio” sem fronteiras, relacionados no Brasil e nos países com os quais dialogo (Guiné-Bissau, Angola e África do Sul). A questão da raça tem forte representação nestes países, mas deixo nítido que não ficaram esclarecidos para mim os problemas diretamente inerentes a essa questão no recorte deste estudo. Ou seja, não se discute racismo nestes países. Daí pergunto: é pela sua inexistência, por não ser percebido, ou se é outro o motivo?
Perguntas que se encontram em tentativas de respostas na pesquisa atual – em desenvolvimento. E nesse emaranhado de estudos não foi a dissertação que nasceu da especialização, que, por sua vez gerou a tese. Mas num processo diferente. Um caminho encruzilhado, circular, complexo. De fato, não tem sido um caminho reto, linear. Nessa encruzilhada, deu-se minha aprovação para desenvolver uma pesquisa a nível pós-doutoral, com bolsa e auxílio, tendo que mudar da Bahia para o Ceará, por ser um critério do Edital PDCTR 03/2021, CNPq/FUNCAP, na vertente interiorização. Ampliei o olhar.
Fiquei motivada para conhecer outras culturas, outros lugares dentro do meu país. E, ao me mudar para o Ceará, cidades de Acarape e Redenção (bem próximas), surpreendentemente, para além das culturas locais, conheci culturas, religiões, línguas, histórias, corpos, brincadeiras, culinárias, pensamentos, expressões e experiências africanas. Ah... mas eu queria mais. Quero ir para Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, aos países do Palope. Será que vou? A supervisora me disse: tenta ir à um somente, por enquanto, que dá certo.
“Dá certo!”, uma expressão “a lá Ceará”. Ahh, eu gostei dessa expressão. Para mim, desde então, agora tudo “dar certo!”. Já começou dando certo quando tomei a decisão. Vou publicar este livro! Vendo a relevância de compartilhar esse conhecimento como um bem público, tem o auxílio do projeto e sendo esta pesquisa servindo de dados básicos desta trilha que eu não sei até onde vai dar. Só sei que “dá certo”. Pronto. Publiquei.

A autora, 25 de janeiro de 2023.
 

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Corpos, gênero, sexualidades e raça no esporte na África: a crítica QUEER/LGBTQIA+ africana e a interseccionalidade

  • DOI: 10.22533/at.ed.836232604

  • ISBN: 978-65-258-1083-6

  • Palavras-chave: Corpos, gênero, sexualidades e raça no esporte na África: a crítica QUEER/LGBTQIA+ africana e a interseccionalidade

  • Ano: 2023

  • Número de páginas: 91

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