Convergência digital e o futuro do livro
Publicado em 02 de setembro de 2021.
A minha história com a leitura nasceu e cresceu no ritmo da minha curiosidade, fui pequena leitora voraz na infância, hoje dedico parte do meu tempo a agenciar escritores de literatura infantil e juvenil no mercado, ajudando no crescimento dessa produção, tenho a minha empresa de produção editorial e agenciamento literário, uma rede livrarias itinerantes que se chama BIKEBOOK e estou o tempo todo envolvida com livro e a leitura, sentindo e vivenciando as distintas dificuldades e desafios do mercado de livros. A minha pesquisa de mestrado foi sobre o futuro do livro, quando resolvi pesquisar sobre as transformações tecnológicas e as mudanças no comportamento do leitor, do escritor e da necessidade de novos olhares das pequenas, médias e grandes editoras para esse norte que é o presente e o futuro do livro.
As novas tecnologias oferecem oportunidades para ajudar a superar os limites de tempo e espaço, encurtando distâncias as informações circulam levemente e à velocidade da luz, aceleram mudanças na sociedade forçando uma adaptação. Essa transformação radical requer um uso inteligente dos novos meios e instrumentos da informação. Os novos meios de comunicação já são um fator principal para mudanças de nossas vidas e seguirão sendo em um futuro próximo em praticamente todos os campos, começando pelo acessoo a informação e ao conhecimento. Não estamos falando de uma era de máquinas inteligentes, mas de pessoas que através das redes, podem compartilhar sua inteligência, seu conhecimento e sua criatividade. Tal como preveu Nicholas Negroponte em 1995, o mundo hoje é digital.
Para os gregos a curiosidade é a base dos alicerces da sabedoria e esta só se satisfaz por meio do diálogo e da interrogação. Graças à viagem dos bits, nos vemos submersos numa espécie de diálogo universal.
Conectadas segundo interesses comuns, no espaço virtual as pessoas podem contribuir e obter informação. Dispositivos móveis dão acesso à web. Redes como, Facebook, Twitter, YouTube, Google Earth, Google Books, entre outros geram formas de interação. Para Alonso2 e Arébalos (2008:12), a internet e o uso da web tem criado uma “meritocraria informática”, na qual, a informação mais acessada, é, consequentemente, mais visível e facilmente encontrada. Os países da América Latina não são diferentes de muitos países do mundo que estão comprometidos com a criação e uso de uma nova infraestrutura informática que garante um efeito direto sobre o comércio nacional e internacional.
Hoje os produtos e as práticas introduzidas na cultura escrita contemporânea pelas novas tecnologias têm mudado as regras e as modalidades do processo, através dos quais, um texto escrito é composto, registrado, transmitido e conservado, além da própria natureza do texto, reduzido a bits acrescido de som e imagem transita por uma tela.
14 Provocando mudanças, também no campo da cultural e editorial, assim como nas formas de registrar e conservar o escrito; da materialidade a virtualidade, da duração a fugacidade, com importantes mudanças no modo de conceber as práticas e os processos de transmissão do saber.
O objetivo da minha dissertação de mestrado que tem como resultado a publicação de 3 livros - : 1-O livro e a revolução das mídias; 2- A materialidade do livro: do impresso à hipermídia e 3-A indústria editorial: da galáxia de Gutenberg ao universe digital - foi realizar uma descrição analítica, buscando identificar as consequências desses fenômenos tecnológicos na leitura e no mercado editorial de livros, e, principalmente, suas influências sobre as categorias do sistema literário e da cadeia produtiva do livro: produtor e consumidor do texto, discurso literário entendido como produto, editoras e condutas de mercado. Delineando os impactos da integração das novas tecnologias da informação e da comunicação, tanto nos modos de ler e de escrever, como na apropriação dos saberes.
Para explicar a evolução da internet apresentaremos no livro, cinco paradigmas históricos – baseados no artigo de Alonso e Arébalos (2008) “Cómo llégaron los usuarios a vivir en la red” – é possível visualizar a evolução da figura do usuário que começou nula, passou por diferentes estágios e hoje tem o mundo digital totalmente incorporado ao seu cotidiano. No segundo livro, vemos no século XX – que se iniciou com o êxito do cinema nas primeiras décadas finaliza com o êxito do computador nas últimas – é marcado pela transição de uma cultura que se baseiava no papel a outra cujo suporte é a tela. Em seguida tratamos dos novos suportes, como aparelhos como o iPad e Kindle estão reinventando o modo como lemos, ao transformar o papel em bits.
E no terceiro livro, encerramos com dados da economia do Mercado, que percorre o negócio do livro da Gálaxia de Gutenberg a edição 2.0. Lembrando que essa pesquisa foi concluída no ano 2010. Para constituir esse panorama que pretende ser mais reflexivo do que crítico, recorremos autores como, Roger Chartier, Frèderic Barbier, Pierre Lévy, George Landow, Hans Robert Jauss, Wolfgang Iser, Pierre Bourdieu entre outros. Que a leitura seja suave e a reflexão profunda, para nós que atuamos no mercado editorial e para os mais jovens, que pretendem adentar esse universo que é o livro.
Convergência digital e o futuro do livro
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DOI: 10.22533/at.ed.525213008
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ISBN: 978-65-5983-452-5
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Palavras-chave: 1. Livro. 2. Convergência digital. I. Alves, Elisangela. II. Título.
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Ano: 2021