Publicado em 18 de julho de 2021.

Na Educação Infantil os discursos binários de gênero e heteronormativos são frequentes. Trago nesta pesquisa cenas e discursos de gênero e heteronormatividade que se articulam com os referenciais teóricos sobre gênero e heteronormatividade na educação. A perspectiva metodológica é qualitativa e partiu das memórias de professora-pesquisadora e também de entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais da educação, tendo como objetivo compreender se e quando o gênero e a heteronormatividade estão presentes na atuação de professoras, auxiliares de educação, gestoras/es e funcionárias/os na Educação Infantil. Observou-se que estas pessoas estão reproduzindo em suas práticas pedagógicas e/ou em seus discursos os binarismos de gênero e heteronormativos de controle dos corpos infantis, determinando o que é permitido e proibido a meninos e meninas em função do sexo biológico, das concepções religiosas cristãs e do que foi aprendido histórica e culturalmente.

Alguns avanços foram presenciados no decorrer da pesquisa, mas a cor rosa e azul ainda é determinante em brinquedos, pertences e atividades das crianças, expressando ainda o binarismo de gênero. Constatou-se que as professoras que abraçaram a mudança de suas práticas pedagógicas foram em busca de formação continuada e, a partir disso, iniciaram o processo de desconstrução pessoal e, consequentemente, a mudança de práticas pedagógicas que, até então, eram binárias e heteronormativas. Conclui-se com a necessidade de fomento para formação continuada de docentes em gênero e sexualidade e de novas pesquisas que explorem estas questões de um ponto de vista interseccional na Educação Infantil.