Ebook - Caderno de história da saúde coletivaAtena Editora

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1. Saúde pública. I. Lima, Rita de Cássia Gabrielli Souza (Organizadora). II. Tí...

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capa do ebook Caderno de história da saúde coletiva

Caderno de história da saúde coletiva

Publicado em 19 de junho de 2024.


 “A história é uma só, mas pode ser lida de mil maneiras diferentes.

Na nossa história, o lugar que nela ocupamos, a visão que temos da sua passagem,

as emoções que desperta nos nossos corações [...] são elementos

que nos convidam a uma das leituras possíveis”.

Mario Testa, 1997, XIX-XX.

Caderno de História da Saúde Coletiva nasce na produção do plano de ensino da disciplina Saúde Coletiva I do Curso de Graduação em Medicina da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Vale do Itajaí, SC, para o semestre 2024.1.

Ao refletir sobre experiências anteriores da docência em Saúde Coletiva, senti a necessidade de incluir no plano de ensino de Saúde Coletiva I uma unidade que retomasse, em alguma medida, o projeto de extensão “Antonio Gramsci: fomentando a concepção ativista de educação”, desenvolvido com acadêmicos de Medicina e Odontologia, no período 2015-2019. Não por acaso esse resgate se fez manifesto. Ele foi concebido na falta, em “uma ausência de fundo” (Abbagnano, 2007, p. 283) que pedia para ser vivida na práxis.

Marcão me falta. Para os que não o conheceram: Marco Aurélio Da Ros. Professor, amigo, colega, companheiro de estrada nas andanças Florianópolis-Itajaí-Florianópolis, apaixonado pelo nosso projeto gramsciano de extensão, com seu jeito moleque, carinhoso e otimista, sabia acolher com maestria a minha impaciência na luta cotidiana de formar força de trabalho para o Sistema Único de Saúde. O caminho que encontrei para prosseguir na travessia, por mais um semestre sem ele, foi criar uma unidade gramsciana no plano de ensino – “Produção de Saúde Coletiva e de Sujeitos” – com o objetivo de gerar um material histórico-político sobre Saúde Coletiva. Na elaboração do plano, nasceu o desenho do Caderno.

É possível que a ideia pareça ousada para o leitor, que poderia perguntar: seria adequada a escolha? Introduzir os(as) acadêmicos(as) do primeiro período na produção da Epidemiologia Social, Ciências Sociais e Humanas, Política, Planejamento e Gestão?

Sim. A intuição e a experiência de dez anos de docência em Saúde Coletiva, de modo tenso, intenso e extenso, sinalizam-me que é precisamente nessa fase que está a potência para alavancar a produção da identidade da Saúde Coletiva e de Sujeitos/Agentes sociais. É na primeira fase da formação médica, quando a perspectiva funcionalista ainda não se apresentou, que conseguimos alcançar corações e mentes e debater sobre a realidade social, cultural, moral e política de nosso país e sobre o papel da categoria médica na materialização de saúde como direito.

O processo de construção da identidade da Saúde Coletiva tem se redesenhado no quadro das preocupações contemporâneas como uma importante temática. Vários militantes têm refletido, em suas produções científicas, sobre a dialética entre trabalho coletivo e isolamento relacional, unidade e isolamento das áreas, humanização e alienação na academia, nos movimentos sociais e nos serviços, tendo como pano de fundo o contexto em que esse processo identitário se vê ameaçado: de disputas políticas em prol de interesses individuais, de vazio de alteridade e de sensibilidade ética na formulação e execução de políticas públicas, de temporalidade acelerada – um tempo que insiste em nos apressar. As leituras reforçaram a compreensão de ser, sim, a primeira fase da formação o momento fértil para cultivar com paixão a arte do encontro orgânico entre calouros(as) e o legado da Saúde Coletiva.

Para fins didáticos, os quarenta e um alunos(as) foram divididos em sete grupos e a cada um deles coube uma temática, conforme segue: (a) Epidemiologia; (b) Ciências Sociais e Humanas; (c) Política, Planejamento e Gestão de Serviços de Saúde; (d) Saúde Coletiva como Corrente de Pensamento; (e) Saúde Coletiva e Movimentos Sociais; (f) Saúde Coletiva, Políticas de Saúde, Políticas Previdenciárias; (g) Saúde Coletiva e Ambiente. Ao final, as temáticas foram reunidas em quatro capítulos: o primeiro, intitulado “O que é Saúde Coletiva?” e os demais correspondem às três grandes áreas da Saúde Coletiva: “Epidemiologia”, “Ciências Sociais e Humanas”, “Política, Planejamento e Gestão”.

As produções foram desenvolvidas em sala e extrassala a partir de literatura selecionada, em um esforço crítico para resgatar citações diretas de parte da velha guarda da Saúde Coletiva. Digo parte porque seria impossível recuperar, sobretudo em um modesto trabalho, a totalidade de memórias de atores individuais e coletivos latino-americanos que nos anos sessenta e setenta se organizaram e abriram trincheiras em regimes ditatoriais em defesa da saúde como direito.

Desejo que os registros desse Caderno possam contribuir na construção da práxis e do horizonte de acadêmicos(as) da formação em Saúde Coletiva. 

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Caderno de história da saúde coletiva

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.554241806

  • ISBN: 978-65-258-2655-4

  • Palavras-chave: 1. Saúde pública. I. Lima, Rita de Cássia Gabrielli Souza (Organizadora). II. Título.

  • Ano: 2024

  • Número de páginas: 89

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