Publicado em 01 de agosto de 2024.

O sistema imunológico humano é formado por complexos e imprescindíveis componentes, que circulam por todo organismo com objetivo de defender e eliminar substâncias nocivas. As doenças autoimunes se manifestam, quando o sistema imunológico começa a atacar indevidamente, múltiplas estruturas e órgãos.
No indivíduo, o sistema   imunológico   apresenta   duas   características fundamentais:  a aptidão para identificar e reagir contra moléculas que não são próprias de nosso organismo, como aquelas derivadas de microrganismos patogênicos e de células tumorais, e ausência de resposta contra antígenos presentes nos diversos órgãos, tecidos e células do nosso próprio corpo, denominados auto antígenos. Essa capacidade denominada tolerância imunológica ou auto tolerância é mantida nas células imunocompetentes B e T tanto por mecanismos centrais quanto por periféricos.
O equilíbrio da tolerância imunológica é importante, pois falhas em seus mecanismos podem acarretar o desenvolvimento das chamadas Doenças Autoimunes, caracterizadas por distúrbios imunológicos que causam reatividade aberrante das células B e T envolvendo essencialmente qualquer sistema   orgânico e apresentando manifestações   capazes   de   resultar em diferentes   processos patológicos.
As   causas   das   doenças   autoimunes   são, em   sua   maioria, desconhecidas. A interação entre fatores genéticos e epigenéticos, associados a disparidade de gênero, gatilhos ambientais, anormalidades fisiopatológicas e determinados subfenótipos contribuem para a perda da tolerância, comprometendo de forma significativa a qualidade de vida de homens e mulheres de diferentes faixas etárias.
As doenças autoimunes são consideradas relativamente incomuns, mas seus efeitos na mortalidade e morbidade são significativos. A incidência e prevalência de doenças autoimunes diferem entre as regiões geográficas. A prevalência aumentou de forma significativa, devido à melhoria da detecção e vigilância, afetando aproximadamente 7,6 a 9,4% da população mundial. Há uma frequência aumentada de doenças autoimunes em mulheres, com uma relação mulher/homem variando de 10:1 a 1:1.
Existe uma variação comportamental significativa entre as doenças autoimunes. Em termos gerais, elas podem ser divididas em 2 tipos amplos:  específicas de órgãos e sistêmicas. Neste livro abordaremos: Lúpus Eritematoso Sistêmico, Artrite Reumatóide, Esclerose Múltipla, Doença de Crohn e Colite Ulcerativa, Diabetes Mellitus tipo I, Doença de Hashimoto, Miastenia Gravis, Púrpura Trombocitopênica Idiopática e Doença de Addison.
Essa diversidade das Doenças Autoimunes desafia pesquisadores, profissionais e comunidade na busca para desenvolver estratégias custo efetivas para a prevenção, diagnóstico e tratamento precoces de forma otimizada.