Amazonino: um sedutor e outras histórias - 49 anos de jornalismo de Claudio Barboza
Publicado em 18 de setembro de 2024.
Em um verdadeiro confluente político, histórico e jornalístico sobre o Estado do Amazonas, a obra ‘Amazonino, o sedutor’ é uma crônica contada e cantada pelo escritor e jornalista Cláudio Barboza Martins, que leva o leitor a compreender os elementos que envolvem as relações de poder no cenário amazonense a partir do relato biográfico de um dos políticos mais emblemáticos da região, Amazonino Armando Mendes (1939/2023).
O aspecto político da obra dá-se em virtude da natureza do personagem central da história, que é aquilo que Aristóteles de Estagira (384 a.C – 322 a.C) chamou de ‘Zoon Politikon’, em grego ‘Animal Político’. Amazonino era, visceralmente, um ser que viveu de fazer política em mais de 40 anos, dos seus 84 vividos, e pode-se dizer que ele morreria por ela.
A frase de Aristóteles provém de uma de suas teorias na qual defende o ser humano como um indivíduo que não só gosta, mas precisa estar em sociedade para viver plenamente. É inegável que Amazonino Mendes se mostrava explicitamente pleno, quando estava em cenário essencialmente político, seja institucional ou partidário, independentemente de questões controversas que envolveram as suas relações.
Pela análise de Cláudio Barboza, Amazonino tinha entre suas inspirações, as linhas escritas por Nicolau Maquiavel (1469/1527), principalmente, na premissa de que ‘O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta’. Próximo a Amazonino, o autor mostra-se, por vezes, encantado com a forma como o político trata quem o acompanha.
Amazonino contrariou as orientações de Maquiavel em um aspecto: ele conseguiu ser temido e amado concomitantemente, como mostram os relatos de Barboza. O envolvimento emocional traduzido em forma de diálogos pelo autor indicia que Amazonino não fazia força para conquistar o afeto alheio, mas o fazia involuntariamente, como se fosse algo inerente ao seu perfil psicológico, o qual o escritor nomeia de ‘sedutor’, adjetivo que compõe o título da obra.
O panorama histórico não deixou de ser relatado por Cláudio Barboza, que busca detalhar o contexto de cada caso contado, para que o leitor compreenda em que tempo se deu e como se apresentavam os cenários nos quais vivia o personagem, buscando aprimorar o senso analítico do leitor.
Em suas crônicas, Barboza segue as diretrizes de Michel Foucault (1926/1984), o qual defendia que os acontecimentos envolvendo as relações de poder, em qualquer aspecto, deveriam ser considerados em seu tempo, história e espaço. ‘Trata-se de captar o poder em suas extremidades, em suas últimas ramificações, captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que ultrapassam as regras de direito que o organizam e delimitam’ (FOUCAULT, 1979).
A obra é também uma manifestação do jornalismo técnico por apresentar elementos que compõem teorias da comunicação, entre elas a ‘Gatekeeping’. A teoria implica que toda a mensagem antes de vir ao público passa por um filtro, em outras palavras, por uma ‘porta’, e na obra em questão, o autor exemplifica como as pautas políticas eram trabalhadas com o personagem central dentro das redações dos veículos de comunicação do Amazonas.
Em meio às contribuições jornalística, histórica e política, a história é ainda a expressão dos vínculos de amizade que se criam entre um político e um assessor, e ultrapassam os limites do cartesianismo impostos costumeiramente nas relações profissionais, que acabam se perdendo com o passar dos anos. ‘Amazonino, o sedutor’ é, sobretudo, uma ode à cumplicidade, ao respeito e à admiração por um personagem que marcou a história do Amazonas.
Boa leitura!
Paula Litaiff, Jornalista
Amazonino: um sedutor e outras histórias - 49 anos de jornalismo de Claudio Barboza
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DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.497240209
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ISBN: 978-65-258-2849-7
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Palavras-chave: 1. Jornalismo. I. Barboza, Claudio. II. Título.
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Ano: 2024
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Número de páginas: 84