Ebook - A Educação no/do Campo: perspectivas de continuidade de estudos dos alunos da EMJABAtena Editora

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1. Educação. I. Silva, Paulo Roberto Nogueira. II. Título.

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capa do ebook A Educação no/do Campo: perspectivas de continuidade de estudos dos alunos da EMJAB

A Educação no/do Campo: perspectivas de continuidade de estudos dos alunos da EMJAB

Publicado em 13 de março de 2025.

A presente pesquisa tem como objetivo investigar como alunos do 9º ano 
da escola do campo, Escola Municipal José Augusto Barreto (EMJAB), pensam 
sobre a continuidade nos estudos, após período de escolarização, registrando 
suas perspectivas de jovens diante da vida e de suas condições no mundo do 
trabalho. 
Pressupõe-se de que a educação do campo tem conquistado lugar na 
agenda política em diversos âmbitos. É fruto das demandas dos movimentos e 
organizações sociais dos trabalhadores rurais e expressa uma nova concepção 
sobre o campo, o camponês e o trabalhador rural, além de buscar fortalecer o 
caráter de classe e lutas sociais. A educação oferecida no campo até o final dos 
anos 90 esteve longe do ideal para as pessoas do meio rural, bem como, ainda 
apresenta ligada à sede de educação com uma visão urbanocentrica, tornando 
uma proposta inacabada que não qualificava os sujeitos inseridos no campo.
Os estudos de Arroyo (2001) mostram que “a cultura hegemônica trata 
os valores, as crenças, os saberes do campo de maneira romântica ou de 
maneira depreciativa, como valores ultrapassados, como saberes tradicionais, 
pré-científicos, pré-modernos”. O modelo da educação básica ofertado para a 
educação do campo possui currículos da escola, saberes e valores urbanos, 
como se o campo e sua cultura pertencessem a um passado a ser esquecido e 
superado. 
Nessa investigação busca-se nos relatos de alunos as expectativas sobre 
seus aprendizados e possibilidades de conhecimentos para atuar na sociedade 
como lugar de trabalho e de construção de possibilidades de realização 
profissional. O interesse por este tema se deu após a minha participação como 
docente na disciplina Educação no/do Campo pelo Programa de Formação 
de Professores (PARFOR) pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 
(UESB) e pelo Instituto FDG/ UNINTA no município de Itiruçu - BA, passando a 
ser foco dos meus estudos.
 Trata-se de uma pesquisa social, empírica e de abordagem narrativa, 
e mostra as perspectivas de alunos que sonham e aspiram utilizar de seus 
aprendizados para inserirem-se no mundo do trabalho.  Os valores, a cultura, o 
modo de vida e as pessoas do campo são tratados como se fossem uma espécie 
em extinção. Uma experiência humana sem sentido, a ser superada pela urbano
industrial moderna. Isso porque as políticas educacionais e os currículos são 
pensados e desenvolvidos para a cidade, para a produção industrial urbana, e 
os educadores apenas se lembram do campo quando se recorrem a situações 
“anormais” das minorias e recomendam adaptar as propostas, a escola, os 
currículos, os calendários a essas “anormalidades”. 
Eles não reconhecem a especificidade do campo e as questões identitárias 
de seus sujeitos. Conforme o Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal 
José Augusto Barreto (EMJAB) ela foi fundada com o intuito de se contrapor 
a currículos pensados e elaborados para a cidade, para a produção industrial, 
com uma visão urbanocêntrica e, por isso, tem atuado na busca de condições e 
qualificação aos alunos residentes no campo no povoado da Cachoeirinha e Vila 
Frisuba, subsidiando-os seus alunos para uma educação do campo diferenciada, 
durante os seus 50 anos de atuação, (PPP, EMJAB, 2011).
 Diante disso, questiona-se: de que maneira os alunos do 9º ano da 
EMJAB pensam em relação à continuidade de seus estudos? Para tanto, 
objetivos específicos são: identificar se os alunos do 9º ano têm perspectivas de 
continuidade dos estudos; elucidar a proposta da escola; analisar as condições 
e os desejos no mundo profissional para jovens do campo na sociedade atual.
 Para responder aos anseios das questões elencadas acima, recorre-se 
 aos princípios da Constituição Federal (BRASIL, 1988), considerada Cidadã, em 
seu artigo 205 que trata “a educação como um direito de todos e dever do Estado, 
atribui à família a promoção e incentivo com a colaboração da sociedade, visa o 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o mercado de trabalho”. 
Interessa ainda a esta pesquisa saber se a Educação do Campo prepara os 
sujeitos inseridos no campo em igualdade com a escola urbana, para que atinjam 
seus objetivos de vida, escolar, acadêmica e profissional e também preparados 
para o mundo do trabalho. Nesse viés, ancora-se nos os autores como Arroyo 
(2004), Caldart (2004) e Molina (2004) que enfatizam “a Educação do Campo 
como direito do homem, da mulher, da criança e do jovem que vivem no campo”. 
Para os autores é fundamental que a educação promova o desenvolvimento, 
levando em conta os aspectos da diversidade, situação histórica particular de 
cada comunidade, os recursos disponíveis, as expectativas e os anseios das 
pessoas que vivem no campo. 
O currículo das escolas do campo pode estruturar-se fundamentado em 
uma lógica de desenvolvimento que privilegie o ser humano na sua integralidade, 
além de possibilitar a construção da sua cidadania e inclusão social, colaborar 
com os sujeitos do campo no processo produtivo com justiça, bem-estar social 
e econômico.
 Os sujeitos inseridos no campo além de assimilarem um saber adquirido 
na escola, possuem a partir do seu cotidiano um saber popular que os ajudam 
no desenvolvimento de suas atividades para a vida. Para Fernandes e Terra 
(1994, p. 9) "o saber popular é fundamental para se estabelecer o diálogo e uma 
alternativa para uma mudança de uma proposta educacional e das políticas de 
ensino".
 Foram usados pseudônimos para denominar os colaboradores. A pesquisa 
utiliza-se da metodologia da história oral que de acordo com Thompson (1992, 
p. 197) demonstra que ela “tem se revelado útil na reconstituição de saberes, 
experiências vividas no cotidiano, auxiliando na compreensão de processos 
históricos”. O autor cita que a fonte histórica derivada da percepção humana é 
subjetiva, mas apenas a fonte oral permite desafiar essa subjetividade, descolar 
as camadas da memória, buscar fundo em suas sombras, na expectativa de 
atingir a verdade oculta. 
Pollak (1992, p 34) relata que “no caso das diversas pesquisas de história 
oral que utiliza entrevistas de história de vida, porque é óbvio a inserção e 
recolhimento das memórias individuais”. Nesse sentido, pensar como a escola 
tem contribuído para que os jovens alunos tenham perspectivas de avanço na 
qualidade de inserção no âmbito profissional, educacional, cultural, é importante 
para a formulação de políticas públicas que efetivamente proporcionem às essas 
pessoas condições adequadas, levando em consideração que os aspectos 
econômicos, culturais, educacionais nem sempre possibilitam a igualdade entre 
as pessoas. 
Por esta razão, pensar subsídios para seguir seus estudos em uma 
formação contínua é instigante e desafiador e, para tanto, necessita-se do apoio 
de seus familiares e das instituições públicas de educação da cidade de Jequié 
e do Estado da Bahia.
 

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A Educação no/do Campo: perspectivas de continuidade de estudos dos alunos da EMJAB

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.275250703

  • ISBN: 978-65-258-3127-5

  • Palavras-chave: 1. Educação. I. Silva, Paulo Roberto Nogueira. II. Título.

  • Ano: 2025

  • Número de páginas: 45

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