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ANÁLISE DO PROTOCOLO DO ATLS NA ABORDAGEM INICIAL AO PACIENTE

O trauma é uma das principais causas de morbimortalidade em indivíduos com menos de 45 anos, e o atendimento inicial adequado é fundamental para reduzir mortes evitáveis. Nesse contexto, o ATLS (Advanced Trauma Life Support), desenvolvido pelo American College of Surgeons Committee on Trauma (ACS-COT) no final da década de 1970, consolidou-se como protocolo sistematizado para o manejo do paciente politraumatizado. Baseado na filosofia de “tratar primeiro o que ameaça a vida”, o ATLS organiza o atendimento por prioridades utilizando a avaliação primária ABCDE, avaliação secundária e reavaliações contínuas, promovendo maior coordenação das equipes, agilidade nos diagnósticos críticos e redução de óbitos potencialmente evitáveis. O protocolo surgiu após o acidente aéreo sofrido pelo cirurgião James Styner em 1976 e foi oficializado em 1980, evoluindo com edições sucessivas e incorporando métodos de ensino estruturados, incluindo simulação de alta fidelidade, que aprimora competências como tomada de decisão, liderança e comunicação em situações críticas. A integração de ferramentas como o eFAST permite diagnóstico rápido de hemoperitônio, hemotórax, pneumotórax e derrame pericárdico, com alta sensibilidade e especificidade, reduzindo o tempo até condutas definitivas. Estudos recentes associam o treinamento ATLS à redução significativa de mortes evitáveis, reforçando a importância de sua aplicação sistemática. O manejo da hemorragia, principal causa de morte evitável, é alinhado com protocolos de transfusão maciça (MTP) e uso precoce de ácido tranexâmico (TXA), integrando-se à avaliação “C” do ABCDE. Entretanto, a retenção de habilidades é limitada, exigindo recertificação periódica e prática deliberada com simulação, incluindo abordagens de Mastery Learning, que melhoram o desempenho psicomotor e cognitivo. Além disso, há disparidades no acesso ao treinamento, especialmente em países de baixa e média renda, o que aumenta o risco de mortalidade em regiões com menor disponibilidade de cursos e instrutores certificados. Estratégias alternativas, como módulos locais, cursos híbridos e tele-educação, têm se mostrado promissoras, desde que preservem os princípios centrais do ABCDE. O ATLS se consolida como uma ferramenta essencial para padronizar o atendimento inicial ao trauma, melhorando processos, coordenação e comunicação, e reduzindo complicações quando inserido em sistemas de trauma estruturados, integrando tecnologias emergentes, protocolos adjacentes e metodologias de ensino ativas. Contudo, sua efetividade depende de fatores contextuais, recursos institucionais, atualização constante e equidade no acesso à capacitação. Assim, o ATLS deve ser visto como uma plataforma dinâmica, adaptável às realidades locais e em constante evolução científica, garantindo relevância clínica, educacional e operacional na abordagem do politrauma.
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ANÁLISE DO PROTOCOLO DO ATLS NA ABORDAGEM INICIAL AO PACIENTE

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.8208162501106

  • Palavras-chave: Traumatologia, Suporte avançado de vida ao trauma, Mortalidade, Protocolos clínicos, Politrauma

  • Keywords: Traumatology, Advanced Trauma Life Support, Mortality, Clinical protocols, Polytrauma

  • Abstract: rauma is one of the leading causes of morbidity and mortality in individuals under 45 years of age, and appropriate initial management is essential to reduce preventable deaths. In this context, ATLS (Advanced Trauma Life Support), developed by the American College of Surgeons Committee on Trauma (ACS-COT) in the late 1970s, has become a standardized protocol for managing the polytraumatized patient. Based on the philosophy of “treat first what threatens life,” ATLS organizes care by priorities using the primary ABCDE assessment, secondary assessment, and continuous reassessments, promoting better team coordination, faster critical diagnostics, and a reduction in potentially preventable deaths. The protocol originated after the plane crash experienced by surgeon James Styner in 1976 and was officially adopted in 1980, evolving through successive editions and incorporating structured teaching methods, including high-fidelity simulation, which enhances skills such as decision-making, leadership, and communication in critical situations. The integration of tools like eFAST allows for rapid diagnosis of hemoperitoneum, hemothorax, pneumothorax, and pericardial effusion, with high sensitivity and specificity, reducing the time to definitive interventions. Recent studies associate ATLS training with a significant reduction in preventable deaths, emphasizing the importance of its systematic application. Hemorrhage management, the main cause of preventable death, aligns with massive transfusion protocols (MTP) and early use of tranexamic acid (TXA), integrating into the “C” assessment of ABCDE. However, skill retention is limited, requiring periodic recertification and deliberate practice with simulation, including Mastery Learning approaches that improve psychomotor and cognitive performance. Moreover, disparities in access to training, especially in low- and middle-income countries, increase the risk of mortality in regions with limited course availability and certified instructors. Alternative strategies, such as local modules, hybrid courses, and tele-education, have shown promising results, as long as the core ABCDE principles are maintained. ATLS is consolidated as an essential tool to standardize initial trauma care, improving processes, coordination, and communication, and reducing complications when implemented in structured trauma systems, integrating emerging technologies, adjacent protocols, and active teaching methodologies. Nevertheless, its effectiveness depends on contextual factors, institutional resources, continuous updates, and equitable access to training. Thus, ATLS should be regarded as a dynamic platform, adaptable to local realities and in constant scientific evolution, ensuring clinical, educational, and operational relevance in polytrauma management.

  • luiza saldanha de mello ramos
  • Natália Barreto e Sousa
  • Maria Luiza Nery Coelho
  • Raquel Mendes Moreira
  • Ynnaê Côrtes Da Silva Neri
  • Maria Eduarda Azevedo De Castro
  • Tobias Silva Leitão
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