A Cidade-jardim Cabo Frio – Búzios (1955): utopia moderna entre a restinga e o mar
Inserida em um contexto de balnearização regional desde a década de 1940, Cabo Frio foi objeto de inúmeros projetos e transformações urbanas de grande interação morfológica entre a cidade e a Lagoa de Araruama. Planejada desde 1942 para a dinamização turística e veranista segundo projeto dos irmãos Coimbra Bueno – proposta demandada pelo Estado do Rio de Janeiro no âmbito do Plano de Urbanização das Cidades Fluminenses – este plano ditou as linhas mestras do crescimento urbano a partir de então, sendo revisados após 15 anos de sua elaboração e alterado parcialmente por outros projetos nas décadas seguintes, segundo os interesses e tendências de cada momento.
No presente texto, pretende-se apresentar inicialmente este quadro regional de planejamento para o crescimento ligado ao turismo balneário para então analisar o Projeto Urbanização Cabo Frio - Búzios – UCFB. Elaborado em 1955, falamos do mesmo período em que Cabo Frio passa a assumir maior protagonismo no contexto dessa estruturação regional para o turismo balneário, mas que até aqui ainda focava atenção ao único núcleo urbano municipal, entre a Boca da Barra junto ao mar e o Morro da Guia, ocupação de herança setecentista da cidade, de população diminuta e de economia ainda ligada às salinas tradicionais. A UCFB é assinada pelo escritório M.M.M Roberto Arquitetos que, partícipes da vanguarda Moderna em arquitetura desde seus anos iniciais, em meados da década de 1930, neste momento, através dos irmãos Marcelo Roberto e Maurício Roberto, participam também desta fase inicial de desenvolvimento de Cabo Frio ligado ao Turismo.
Alinhado às teorias de Ebenezer Howard (1850-1928), o Projeto Urbanização Cabo Frio - Búzios propunha uma Cidade-jardim balneária, formulando, pela primeira vez, um plano de desenvolvimento em escala territorial, em resposta ao ciclo turístico. Mais extenso projeto até aqui revelado pelo Inventário Modernos Praianos – pesquisa que vem sistematizando as ocorrências da atuação Moderna neste contexto de balnearização na Região dos Lagos –, na UCFB se buscava antever os limites e condicionantes da capacidade regional em admitir esta nova atividade e, uma vez identificados seus ativos e potencialidades, formular uma ocupação que permitisse a dinamização pelo turismo desejada, porém aliada à preservação de seus ativos paisagísticos.
A Cidade-jardim Cabo Frio – Búzios (1955): utopia moderna entre a restinga e o mar
-
DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.8151132501106
-
Palavras-chave: Urbanismo Turístico, cidade-jardim, Cabo Frio.
-
Keywords: -
-
Abstract: -
- Ivo Matos Barreto Júnior