Ebook - A questão de gênero no fazer ciência – Palavras de jovens mulheres cientistasAtena Editora

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1.Identidade de gênero. 2. Ciência. 3. Mulherescientistas. I. Araujo, John Fonte...

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capa do ebook A questão de gênero no fazer ciência – Palavras de jovens mulheres cientistas

A questão de gênero no fazer ciência – Palavras de jovens mulheres cientistas

Publicado em 30 de abril de 2024.


O que faz um homem, branco e cis neste livro “A questão de gênero no fazer ciência”? Já respondo que minha participação é por acaso e pontual. Este livro é uma coletânea de ensaios escritos por estudantes mulheres como requisito para a conclusão da disciplina História, Filosofia e Sociologia da Ciência, no programa de pós-graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
    Esta é uma disciplina atualmente obrigatória para os pós-graduandos em nível de doutorado em Psicobiologia na UFRN. Contudo, inicialmente esta disciplina foi organizada para ser um espaço de aprendizagem dos pós-graduandos que estavam sob minha orientação, tornando-se, posteriormente, obrigatória para os demais estudantes. Tive então o privilégio de ser o professor responsável por esta disciplina em 2020, durante a pandemia pelo coronavírus SARS-CoV-2(COVID-19) e, por esta razão, sua oferta naquele período ocorreu no formato remoto, passando a ser ministrada de forma presencial a partir de 2023. 
    O conteúdo programático da disciplina é voltado para a discussão dos principais filósofos, historiadores e sociólogos contemporâneos da ciência, e baseado nos textos do livro organizado por Vera Portocarrero “Filosofia, história e sociologia das ciências I: abordagens contemporâneas"  
 O início da discussão se deu com Karl Popper (1902 – 1994), a fim de fomentar um debate acerca de sua crítica ao positivismo e seu conceito da falseabilidade como critério de demarcação. Posteriormente, Thomas Kuhn (1922 – 1996) e seu modelo de comunidade e a revolução no desenvolvimento científico foram o foco da discussão. Em seguida, foi proposta uma reflexão referente ao debate entre Paul Feyeradend (1924 – 1994) e Imre Lakatos (1922 – 1974) sobre a racionalidade científica. Na sequência, a discussão prosseguiu para os estudos sociológicos, com uma introdução sobre o programa forte da sociologia do conhecimento, seguida de uma discussão comparativa dos modelos de ciência de Kuhn, Pierre Bourdieu (1930 – 2002), Bruno Latour (1947 – 2022) e Karin Knorr-Cetina (1944 - atual). Ao final, foi gerada uma discussão acerca de questões atuais da filosofia e sociologia da ciência, incluindo a má conduta, cientometria, publicação científica e a questão de gênero, sendo esse último elemento o objeto propulsor para a elaboração deste material.
A escolha dessa temática se deu, para nossa surpresa, pelas próprias pós-graduandas, que elencaram como tema de ensaio para avaliação da referida disciplina uma discussão sobre gênero na ciência.
Nesse sentido, o primeiro texto, escrito pela estudante Ana Cecília, retrata um ensaio sobre o papel da ciência na inclusão e posterior retirada da homossexualidade como doença, um texto que demonstra como o conceito científico é construído, com suas mudanças, que podem ser radicais e o quanto este processo influencia na sociedade. De modo similar, a estudante Carina Ioná discute a questão da presença de transgênero na ciência, o quanto essa ainda é uma questão invisibilizada e a necessidade de trazermos este tema para o debate.
Três ensaios apresentam uma análise geral da representação feminina na ciência, sendo eles escritos pelas pós-graduandas Anne Nathala, Luciana Helena e Tainah Porpino. São textos que contextualizam a realidade atual, evidenciando a desigualdade na presença feminina em postos de decisão das principais agências de fomento e de reconhecimento científico do país, como por exemplo, na distribuição de bolsas de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Chamo atenção do leitor de que os textos apresentam caminhos para superar tais desafios. 
Já o ensaio da estudante Mayara Jully diz respeito a uma outra questão fundamental e emergente: a maternidade. Afinal, se somos uma espécie e desejamos preservá-la, temos de garantir a nossa reprodução, sendo esse um dentre os diversos motivos pelos quais valorizar a maternidade. Entende-se que a maternidade não deve ser um impedimento e/ou obstáculo para a carreira científica, pelo contrário, ela deve fazer parte desta atividade tão importante para a nossa sociedade atual, tal como aponta Mayara em seu ensaio “As mulheres que fazem ciência têm ousado de alguma forma em suas trajetórias pessoais, coletivas e cognitivas para se aventurarem a abrir novos caminhos nas ciências.”
O texto da Ana Luisa traz uma temática bastante atual, combinando dois temas fundamentais: a defesa do meio ambiente e o feminismo. A autora inicia seu ensaio introduzindo o quanto os cientistas se iludiram que as ações humanas no meio ambiente estavam sendo realizadas com o total controle da natureza. Seu texto mostra claramente como as mulheres cientistas e o movimento feminista foram fundamentais para mostrar o contrário. 
A partir dessa breve apresentação, o tema deste livro é o respeito à diversidade e, por isso, cada texto aqui exposto encontra-se em seu formato original, da forma como foram apresentados na referida disciplina.


A QUESTÃO DE GÊNERO NO FAZER CIÊNCIA É UMA DISCUSSÃO ATUAL E EMERGENTE, POR ISSO, CONVIDO VOCÊ, LEITOR E LEITORA, A LER AS PALAVRAS DE QUEM VIVENCIA AS DORES E SABORES DE ESTAR NESSE LUGAR: ALGUMAS DAS MUITAS JOVENS MULHERES CIENTISTAS ESPALHADAS POR ESSE NOSSO BRASIL


John Fontenele Araujo 

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