Publicado em 01 de julho de 2025.

Tinha 8 anos de idade. Morava no Rio de Janeiro e foi a primeira vez que fui a um sítio passar as férias com minha família. O sítio era espaçoso e eu podia brincar à vontade. Havia uma plantação enorme de árvores com frutinhas escuras grudadas nos troncos. Experimentei uma e, até hoje, a jabuticaba é minha fruta preferida. Há cerca de 10 anos, comprei um sítio e plantei minha jabuticabeira.
A Atenção Básica, como proposta de ampliação do acesso à saúde no nosso país, inserida no modelo de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS) como porta de entrada universal e irrestrita se consolidou lentamente no país. As
discussões e implantação destas propostas no ensino médico, particularmente em escolas tradicionais como a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), se fez de forma lenta e escalonada nos espaços de poder político dentro da instituição, da mesma forma que no cenário político e administrativo nacional.
Em 1994 foi instituído o Programa de Atenção Primária à Saúde (PAPS), ligado à direção da Faculdade de Medicina da UFRJ, e que, apenas em maio de 2014 se tornou o Departamento de Medicina em Atenção Primária à Saúde (DMAPS). Em 1990, a proposta de discussão de práticas integrativas em saúde foi apresentada à Congregação da instituição e repudiada com rótulos de anticientífica, leigas, inócuas, sem evidências comprovadas e até mesmo como componente de práticas religiosas, ligadas a seitas ou magias.
A proposta foi inserida nas atividades do internato em Atenção Básica e, finalmente aprovada em 2020, como uma disciplina eletiva, obtendo grande interesse por parte do alunado. Este contexto histórico é muito importante, considerando-se também o desinteresse da indústria farmacêutica nestas práticas, em confronto às demandas de uso de fármacos, muito mais dispendiosos e lucrativos.
Os organizadores desta primeira edição são: Eduardo Alexander Júlio César Fonseca Lucas, Médico de Família e Comunidade, Doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Professor Associado do DMAPS; Marcia Augusta Pereira dos Santos, Médica Epidemiologista e Fitoterapeuta, Mestre em Saúde da Família pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), Professora Assistente do DMAPS; Júlio César Quaresma Magalhães, Médico Pediatra, especialista em homeopatia pela Associação Brasileira de Reciclagem e Assistência em Homeopatia (ABRAH), Médico do DMAPS; Maria Cristina Dias da Silva, Enfermeira, Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da UFRJ, Especialista em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e Enfermeira aposentada do DMAPS. Ademais, o livro apresenta as bases gerais das práticas alternativas utilizadas na Atenção Básica, suas origens, resultados e avaliações disponíveis na literatura médica.
Este documento representa a primeira jabuticaba que comi da árvore que plantei. Parabéns aos seus autores, ao Departamento e à Faculdade de Medicina da UFRJ. Profa Vera Lúcia Rabello de Castro Halfoun – Professora Emérita do Departamento de Medicina em Atenção Primária à Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro – FM/UFRJ.